28.2.17

Analisando a música: Sweet Child O' Mine (Guns N' Roses)

No meio dos filmes que assisti para poder opinar muito no twitter sobre o Oscar, estava Capitão Fantástico.

Viggo Mortensen recebeu uma indicação de melhor ator nesse filme que conta história de um pai que cria seus seis filhos de maneira alternativa. Um hippie da atualidade. Viggo não ganhou o Oscar, foi para o Casey Affleck por Manchester By The Sea, mas queria dizer que ele está ótimo nesse filme, e em forma (se é que vocês me entendem hihihi).

Numa cena especial do filme os filhos do Capitão Fantástico cantam uma versão bonita dessa música do Guns N' Roses e achei que merecia um Analisando a música.

O Guns N' Roses é uma banda americana de Los Angeles, formada em 1985. Eles surgiram entre a leva do Rock Farofa e a leva do Grunge, por isso eles tem o visual meio farofa (cabelos compridos, calças apertadas de cintura baixíssima, bandanas) mas a música é bem pesada tanto que eles são considerados Heavy Metal ou Hard Rock.

Em 1987 lançaram seu primeiro album, Appetite For Destruction, nele estão Paradise City, Welcome To The Jungle, Rocket Queen e Sweet Child O' Mine.

A não ser esse primeiro album (eu tinha o vinil e acho muito bom) e as outras músicas que fizeram sucesso nas rádios (Patience, Don't Cry, November Rain, You Could Be Mine, versão de Knocking On Heaven's Door, versão de Live and Let Die - eles são bons de versões), não conheço muito bem a discografia da banda. 

O Axl Rose fazia sucesso com sua reboladinha e com aqueles gritos agudos e o guitarrista Slash com aquele cabelo escondendo uma cara que ninguém vê, bad boys do rock n' roll. Gosto de várias músicas, mas nunca fui fã. Lembro bem da confusão que foi o show deles no Rock in Rio 2, os fãs da banda são fervorosos. Ano passado quando estiveram no Rio só soube que ia ter show porque vi alguns fãs com camisas pretas da banda perdidos na praia do Leme.

Mas vamos falar de Sweet Child O' Mine, que é o tipo da música que vai embalar muitas gerações ainda. 

O album Appetite for Destruction foi lançado em 1987 mas só fez sucesso em 1988, e só depois que colocaram Sweet Child O' Mine nas rádios. Essa música é bem diferente das outras no album, é quase uma balada romântica. 

Parece que o Slash não gosta muito dessa música porque não é hardcore suficiente, mas tem um riff de guitarra que todo mundo reconhece no primeiro acorde, tem um dos solos de guitarra mais conhecidos e deve render uma boa grana em direitos autorais para ele. (e, Slash, não tem nada menos hardcore do que Since I Don't Have You)

Eu gosto muito de Sweet Child O' Mine, é uma música deliciosa e ótima para correr, então vamos analisar para saber que criança doce é essa.


She's got a smile that it seems to me
Reminds me of childhood memories
Where everything was fresh as a bright blue sky
Now and then when I see her face
She takes me away to that special place
And if I'd stare too long
I'd probably break down and cry

Sweet Child O' Mine é uma música romântica, é uma declaração de amor e é uma balada com um solo potente de guitarra. Melodia e letra casam super bem nessa música onde o Axl Rose descreve sua namorada. "Ela tem um sorriso que me me faz ter recordações de memórias da infância. Onde tudo era fresco como um céu azul.". Ai, memórias da infância...quem nunca?

"De vez em quando quando olho para seu rosto ela me leva para aquele lugar especial, e se eu olhar demais provavelmente vou chorar." Owwww, é muito amor.

Oh, oh, oh sweet child o' mine
oh, oh, oh, oh, sweet love of mine

É a querida dele, o amor dele. 

She's got eyes of the bluest skies 
As if they thought of rain
I hate to look into those eyes and see an ounce of pain
He hair reminds me of a warm safe place
Where as a child I'd hide
And pray for the thunder and the rain
To quietly pass me by

E continua..."Ela tem os olhos como o céu mais azul, como se eles pensassem em chuva." Ai que lindo! E ele não gosta de ver nada de dor e sofrimento naqueles olhos. E o cabelo? Ahh, o cabelo dela o lembra de um lugar seguro onde ele se escondia e pedia aos céus para o trovão e chuva passar logo.

Oh, oh, oh sweet child o' mine
oh, oh, oh, oh, sweet love of mine

Nesse momento já estamos fazendo coraçãozinho com as mãos.

Where do we go?
Where do we go now?
(Sweet child)

Acho que ele até continuaria descrevendo a namorada em detalhes mas aí não teria espaço para o solo de guitarra (afinal, essa é uma banda de Hard Rock).

Então ele pergunta com certa insistência e urgência: "Aonde vamos? Aonde vamos agora?". Pode ser ele querendo saber qual a próxima parte do corpo dela ele vai descrever, ou quer saber dela para onde vai o relacionamento, pode ser um aonde vamos filosófico, ou simplesmente ele querendo saber para que lugar vão - que depois de tanto elogio posso imaginar vários.


Vamos fazer a dança da minhoca junto com Axl Rose.



Não é a toa que essa música tem em todas as versões possíveis: tem da Sheryl Crow, tem quarteto de cordas, tem música de elevador e tem até forró. Sim, existe uma versão forró dessa música (abre o link por sua conta e risco).

27.2.17

Oscar 2017

Não posso nem dizer que o Oscar desse ano foi chato porque no fim teve babado, e já conto o que aconteceu, mas antes vamos a cerimônia.

O apresentador desse ano foi o Jimmy Kimmel e eu gostei porque ele entende que menos é mais. Seu monólogo foi curto e suas piadas eram rápidas (algumas funcionaram e outras não). Começou com o Justin Timberlake cantando uma música e deixando o pessoal da platéia animada mas não teve nenhuma daquelas montagens dos filmes indicados (e que as vezes são divertidas).

Para quem não sabe, o Jimmy Kimmel tem uma rixa com o Matt Damon que é de anos. Vem da época que a ex-namorada do Jimmy Kimmel, Sarah Silverman, fez uma música dizendo que transava com o Matt Damon. Essa briga é muito engraçada porque a gente sabe que é fake, e sempre tem uma brincadeira no programa de entrevistas do Jimmy Kimmel (que o Matt Damon nunca é convidado mas sempre tenta invadir). Já até fizeram terapia de casais. Como eles são profissionais a coisa tomou uma dimensão que chegou até o Oscar. E foi muito engraçado ver Jimmy Kimmel jogando farpas para o Matt Damon.

Fizeram alguns segmentos de atores falando de seus atores favoritos, que os inspiraram, e qual filme eles viram que os levaram a essa inspiração.Teve Charlize Theron falando de Shirley MacLaine e Seth Rogen falando de Michael J. Fox (e chegando num DeLorean), aí os dois entravam e apresentavam um prêmio. Na vez de Roteiro Original apareceu o Jimmy Kimmel falando do Matt Damon em Compramos um Zologico e foi hilário. No palco o anuncio foi "Ben Affleck e convidado". Como se isso já não me fez quase cair da cadeira de tanto rir, toda vez que o Matt Damon abria a boca a música subia (como fazem para expulsar quem tem discurso longo do palco). Melhor piada.

Jimmy Kimmel também tem um segmento ótimo no seu programa que se chama Mean Tweets onde os atores tem que ler tweets maldosos sobre eles mesmos. E teve isso no Oscar ontem.

E para terminar a parte apresentador, Jimmy Kimmel fez uma pegadinha do Malandro. Ele pegou um onibus de turistas e os levou até dentro do auditório com a desculpa que iam ver uma exposição. As pessoas entraram e ficaram surpresas, algumas tremiam, mas o casal que entrou na frente tirou de letra. Gary de Chicago tirou de letra, apertou mãos, fez selfie, filmou todo mundo e virou celebridade no Twitter.

Então vamos a premiação.

(Esse ano vi quase todos os filmes e Hell or High Water era o meu preferido, just saying, mas não ganhou nada.)

Melhor ator Coadjuvante foi para o Marhershala Ali que faz o traficante sensível em Moonlight. Atriz Coadjuvante foi a excelente Viola Davis por Fences, e alguém acha uma música para ela cantar porque só falta um grammy para ela ter um EGOT. Melhor Ator foi Casey Affleck por uma atuação contida em Manchester by the Sea que impressiona (mas as vezes acho que ele é assim mesmo). Melhor Atriz foi Emma Stone por La La Land, e acho que foi pela cena que ela canta na audição.

Melhor Documentário foi o excelente OJ: Made in America, vejam. Melhor Filme Estrangeiro foi O Apartamento que não vi, e também não vi Zootopia que ganhou Melhor Animação.

Efeitos Especiais foi para Jungle Book, o filme live action do Mogli, e Suicide Squad, o filme dos vilões da DC ganhou melhor Maquigem - que nem é tão boa assim. Melhor Figurino foi para Animais Fantásticos e foi o quarto Oscar da Colleen Atwood nessa categoria.

Hacksaw Ridge, o filme de guerra do Mel Gibson, ganhou Melhor Edição (as cenas de guerra são excelentes) e Mixagem de Som, mas Edição de Som foi para Arrival. E finalmente entendi a diferença entre mixagem e edição de som. Em Arrival a edição de som é a voz dos ETs e é muito boa!

La La Land ainda ganhou Cenografia, Fotografia, Musica Original, Trilha Sonora Original e Diretor (Damien Chazelle foi o diretor mais novo a ganhar um Oscar, 32 anos).

Roteiro Original foi para Manchester By The Sea e Roteiro Adaptado foi para Moonlight.

E chegamos no Melhor Filme. Babado. Warren Beatty e Faye Dunaway foram apresentar essa categoria e na hora de anunciar o vencedor o Warren Beatty fez cara de confuso e disse "La La Land". Algumas pessoas comemoraram, outras reviraram os olhos (eu), e o pessoal do filme subiu no palco. Logo depois teve um burburinho e o produtor de La La Land disse que anunciaram errado e o prêmio era de Moonlight. Isso mesmo. Moonlight, Oscar de Melhor Filme.

Como aconteceu no Miss Universo 2015 entre Miss Colombia e Miss Filipinas.




Provavelmente deram um envelope errado para o Warren Beatty porque ele disse que estava escrito "Emma Stone, La La Land" que foi a premiação anterior. Alguém duplicou os envelopes, ou seja, os auditores pisaram na bola. Já fizeram um Envelopegate.

Os produtores de La La Land foram muito elegantes na hora de passar o prêmio, acho que até eles votaram em Moonlight, e ficou todo mundo feliz.

E foi isso. Provavelmente ano que vem vão fazer os apresentadores mostrarem os papéis com os nomes dos vencedores para a camera.

14.2.17

Analisando a música: How Deep Is Your Love (Bee Gees)

Domingo teve o Grammy e mais uma vez a Adele saiu carregada de troféus. No discurso do Grammy de Melhor Album do Ano a Adele até o dedicou para a Beyoncé mas a Queen B teve que se contentar mesmo só com o Grammy de Melhor Album de Contemporary Urban (categoria que nunca entendi) com Lemonade.

David Bowie levou todos na categoria rock. Gênio, mas ele nunca tinha ganhado um, agora o filho dele vai poder decorar a lareira.

George Michael e Prince foram homenageados. Adele cantou Fastlove da maneira mais deprimente que essa música poderia ser cantada e ficou bonito. Ela errou, falou uns palavrões, recomeçou e deu tudo certo. Já Bruno Mars se fantasiou de Prince e cantou Let's Go Crazy, bem mais animada.

Lady Gaga cantou com o Metallica e provou que pode cantar qualquer coisa.

Ed Sheeran cantou com um violão e uma parafernalha eletrônica que fazia os outros instrumentos, tipo cantor de churrascaria com um orgão, mas a música Shape of You é boa.

Beyoncé fez uma apresentação conceitual, ficou muito bonito mas achei a música sonolenta.

Katy Perry fez uma apresentação politizada e a música era ótima.

Gostei da música que o The Weeknd cantou com o Daft Punk. Saudades do ano que o Daft Punk ganhou tudo, foi muito animado.

E teve uma homenagem aos Bee Gees. Vamos falar dos Bee Gees. Os irmãos Barry, Maurice e Robin Gibb começaram cantando juntos em 1958. Robin e Maurice eram gemeos e Barry o mais velho. Tinha outro irmão mais novo, o Andy, mas ele fez carreira solo.

Os Brothers Gibb, BGs, Bee Gees, fizeram hits nas décadas de 1960, 1970, 1980 e até 1990.

O primeiro hit dos Bee Gees foi To Love Somebody em 1967.

Eles são conhecidos pela trilha sonora de Saturday Night Fever (1977), filme que o John Travolta rebola lindamente nas discotecas de NYC. Essa trilha sonora é só hits: Stayin' Alive, How Deep Is Your Love, More Than a Woman, Night Fever, If I Can't Have You (cantada pela Yvonne Elliman) e muitas outras. Essa trilha sonora rendeu vários Grammys aos irmãos. Duvido alguém colocar esse disco para tocar e não dançar.

A marca registrada do trio é que eles cantam num falseto (ou agudo, ou falseto über agudo, não sei a diferença) o tempo inteiro (o Barry é que tem esse agudo), tanto que é difícil até para mulheres cantarem as músicas deles. Quando analisei a música Grease disse que o único outro capaz dessa façanha era o Frankie Valli.

Os irmãos também compuseram vários hits que foram cantados por outros artistas como: Heartbreaker (Dione Warwick), Islands In The Stream (Dolly Parton e Kenny Rogers), Woman in Love (Barbra Streisand), Emotion (Destiny's Child), Grease (Frankiie Valli) e muitas outras.

Cantaram juntos até o Maurice falecer em 2003 aí o Robin seguiu carreira solo. Em 2009 Robin e Barry se juntaram mais uma vez até o Robin morrer em 2012. Só sobrou o Barry, mas ele está aí ainda gravando e aparecendo em shows.

Barry Gibb estava curtindo a homenagem no Grammy, cantava junto, batia palma. No palco Demi Lovatto, Tori Kelly, Little Big Town e Andra Day cantaram um medley com Stayin' Alive, Tragedy, How Deep is Your love e Night Fever.

Como hoje é Valentine's Day vou analisar How Deep Is Your Love.

I know your eyes in the morning sun
I feel you touch me in the pouring rain
and the moment that you wander far from me
I wanna feel you in my arms again

Essa música foi lançada em 1977 como um single e depois entrou na trilha sonora de Saturday Night Fever (Embalos de Sábado a Noite). Foi número 1 em vários países (inclusive aqui no Brasil), ficou no Top 10 da Billboard por muito tempo e ganhou o Grammy de Melhor Performance de um Grupo.

É uma música românica, daquelas que o pessoal dançava na parte música lenta das festas nos anos 1970/80 e aproveitava para chegar mais perto do crush.

Ele começa dizendo "conheço (ou reconheço) seus olhos no sol da manhã, sinto seu toque na chuva e no momento que você se afasta de mim quero tê-la em meus braços outra vez". Chega mais que vai esquentar.

And you come to me on a summer breeze
Keep me warm in you love
Then you softly leave
And it's me you need to show
How deep is your love

Aí ela vem numa brisa de verão, aquece e depois vai embora suavemente. E acho que porque ela as vezes se afasta e dá amor mas vai embora, ele quer que ela mostre o quanto profundo é o amor dela.
Estou começando achar que ele está inseguro.

How deep is your love
How deep is your love
I really need to learn
'Cause we're living in a world of fools
Breaking us down
When they all should let us be
We belong to you and me

"Então diz aí, quanto profundo é esse amor que você sente? Eu preciso muito saber." Calma amigo, relaxa e aproveita a melodia. E temos uma filosofada sobre o mundo de tolos que querem destruí-los mas que deveriam deixá-los em paz. Ciúmes detected. "Afinal, nós pertencemos um ao outro."

I believe in you
You know the door to my very soul
You're the light in my deepest, darkest hour
You're my savior when I fall
And you may not think that I care for you
When you know down inside that I really do

E ela pode dizer a profundidade do amor que ele acredita. Ainda bem. E faz essa declaração "você sabe onde fica a porta para minha alma, você é a luz no momento que estou mais deprimido, você me salva quando caio." Que responsabilidade. (Adoro a combinação da melodia com as frases You're the light in my deepest darkest hour. You're my savior when I fall)
E ele garante que ela sabe que ele se importa apesar dela achar que não.

And it's me you need to show
How deep is your love
How deep is your love
How deep is your love
I really need to learn
'Cause we're living in a world of fools
Breaking us down
When they all should let us be
We belong to you and me

Claro que ele se importa e ainda quer mensurar a profundidade do amor mais uma vez no refrão. Mas vamos deixar os tolos de lado e foca no eu e você que é o que interessa.


Vamos ligar a luz negra (que é roxa), escolher o par e dançar de rosto colado.




A boy band Take That fez uma versão dessa música.

2.2.17

Analisando a música: Lithium (Nirvana)

Essa semana assisti o documentário Montage of a Heck que fala do Kurt Cobain, e do Nirvana por tabela. Esse documentário usou fitas gravadas pelo Kurt Cobain (com músicas, entrevistas, depoimentos, etc), filmes caseiros, os diários e desenhos. Tem também depoimentos dos pais, irmã, do Krist Novoselic e até da Courtney Love. Esse documentário é como ver um pouco da loucura dentro da cabeça do Kurt Cobain.

Kurt teve uma infância ok até seus pais se separarem e daí para frente foi rebelde com e sem causa. Ele era hiperativo e hipersensível. Kurt também devia ter alguns problemas de saúde que ele não resolvia, o histórico de família não estava a seu favor e era viciado em heroína. Tão viciado que a Courtney Love disse que ele queria ganhar dinheiro suficiente para ser junkie sem preocupações.

Kurt Cobain compôs músicas que farão sucesso ainda por muitos anos porque pessoas se indentificam com as letras melancólicas, dramáticas, guitarras pesadas e a voz crua dele. O Nirvana colocou o grunge no mapa mundial (junto com o Pearl Jam, mas isso é outra história) e os fãs vieram em progressão geométrica. Kurt Cobain queria sucesso mas não queria fama. Infelizmente para ele os dois vieram juntos e com força.

Além do Kurt Cobain, o Nirvana era composto pelo Krist Novoselic (amigo de adolescência do Kurt) e Dave Grohl (que entrou para ser baterista no Nevermind e ficou).

A discografia do Nirvana é curta, são 3 discos: Bleach, Nevermind e In Utero. Os dois últimos são ótimos. Ainda tem o excelente Unplugged que gravaram em 1993 e só foi lançado em 1994, depois que Kurt Cobain morreu.

Uma biografia boa sobre o Kurt Cobain é Heavier Than Heaven (Mais Pesado Que O Céu) do Charles Cross. A história dele e da banda é curta mas é intensa.

Já contei como abracei o grunge nos anos 1990 quando analisei uma música do Pearl Jam, e gosto de várias do Nirvana.

O Kurt Cobain odiava dar entrevistas e falava pouco das músicas, inclusive preferia saber o como os fãs as analisavam. Então, Kurt, vou dizer para você o que eu acho que Lithium significa.

Lithium é do album Nevermind. As letras do Nirvana não são longas mas são significativas e tem um bocado de coisa para analisar em poucas estrofes.

I'm so happy because today
I've found my friends
They're in my head
I'm so ugly, but that's ok, 'cause so are you
We've broken our mirrors
Sunday morning is everyday for all I care
And I'm not scared
Light my candles in a daze
'Cause I've found god

Essa música pode ser sobre várias coisas mas acho que é sobre transtorno bipolar, afinal lítio é um dos remédios indicados para controlar e estabilizar essa doença.
Bipolar é um estado mental volátil e poucas coisas são mais assustadoras do que uma doença mental, seja por química confusa do corpo, trauma, velhice ou drogas.
É uma música que começa num ritmo mais devagar mas o refrão vem com força, ou seja uma fase depressiva e uma fase irritada.

É uma música ambivalente com altos e baixos. (Come As You Are também é assim, todas as frases da música tem alguma contradição "take your time, hurry up don't be late")

A música começa com ele dizendo que está feliz porque encontrou os amiguinhos....que estão dentro da cabeça dele. "Eu sou feio, mas tudo bem, você também é.", aqui acho que ele está com uma outra pessoa que ele julga adequada a imagem que ele tem dele mesmo. Aí aproveitam e quebram os espelhos que pode ser: quebraram porque se acham tão feios que não aguentam olhar no espelho OU não se importam com suas aparências e não querem se preocupar.

E para ele todo dia pode ser domingo de manhã que ele não se importa. (Domingo de manhã é ótimo, eu gosto, sempre vou andar de bicicleta, mas não é o caso aqui.) Ele não está com medo, acende as velas e diz que encontrou deus. Aqui vale uma observação: Kurt Cobain, depois do divórcio dos pais, vivia pulando de casa em casa e passou por uma fase religiosa onde ele frequentou a igreja mas isso só durou uns três meses.

Yeah, yeah, yeah

A música aqui passe de um ritmo mais lento para um rock pesado e Kurt quase gritando yeah, yeah, yeah...

I'm so lonely but that's ok I shaved my head
And I'm not sad
And just maybe I'm to blame for all I've heard
But I'm not sure
I'm so excited, I can't wait to meet you there
But I don't care
I'm so horny but that's ok
My will is good

De volta a calma. Ele continua dizendo que está solitário mas tudo bem ele raspou a cabeça. Hã? Bem, nada como um look novo para dar animo. Mas ele se acha culpado de algo que aconteceu e relataram para ele, mas não tem certeza.
Ele está animado, mal pode esperar para encontrar outra pessoa, mas não se importa. Está com muito tesão, mas tudo bem a vontade dele é boa (no sentido que consegue segurar o impulso). Coisas que são simultaneamente excitantes e péssimas. Highs and lows.

yeah, yeah, yeah

I like it, I'm not gonna crack
I miss you, I'm not gonna crack
I love you, I'm not gonna crack
I killed you, I'm not gonna crack

E aí emenda o yeah yeah yeah forte e rock pesado com essas quatro frases que pegam carona no fim da estrofe anterior ("My will is good"), e diz: eu gosto mas não vou ceder, sinto saudades de você mas não vou ceder, te amo mas não vou ceder, te matei mas não vou ceder. Altos e baixos.
Aqui acho que, apesar da depressão, ele está dizendo que não vai tomar uma atitude mais drástica.


Como disse alguém na internet (procurei mas não achei): "Kurt Cobain era bom em transmitir a idéia de ter sentimentos fortes sobre não ter sentimentos.".

Vamos quebrar alguns instrumentos com o Nirvana! I'm not gonna crack!