28.1.14

Analisando a música: Royals (Lorde)

Domingo foi dia de Grammy e o Daft Punk levou grammy de melhor album do ano por Random Access Memories e mais alguns por Get Lucky. Teve até uma cerimônia de casamento para vários casais com Macklemore e Ryan Lewis cantando Same Love com Mary Lambert, Queen Latifa oficializando e benção da Madonna.

No meio de um bando de gente da década de 1970 (Paul McCartney e Ringo tocaram juntos, Chicago ressurgiu, Black Sabbath, Nile Rogers e Stevie Wonder ainda tem swing de sobra, etc) apareceu uma tal de Lorde ganhando 2 grammys: melhor performance pop solo e música do ano.

(o Grammy tem categorias que só o Além da Imaginação pode explicar, mas isso fica para outro dia)

Minha pergunta foi: quem é Lorde na fila do pão?

No palco parecia a Vandinha Addams com trinta anos de idade ou uma fã perdida do The Cure. A apresentação da música dela foi boa, mas cheia de espasmos na coreografia. Aí fui no bom e velho youtube saber quem era essa moça tão gótica.

No video oficial pareceu outra pessoa e outra música. A menina do video tem cachinhos castanhos lindos e a música começa forte mas entra no embalo teen. Aí reconheci a música de alguma das novelas no ar, só que eu achava que era da Rihanna (deve ser porque começa falando de diamonds).

Claro que a música ia ser teen, Lorde é uma neo-zelandesa de 17 anos.

Royals é do primeiro album dela, "Pure Heroine", que não sei se tem outras músicas boas. Talvez Royals seja um dos one hit wonders dessa década, mas Lorde é nova, ainda tem tempo para produzir muito mais e mudar muitas vezes de visual (vide Madonna).

Mas sobre o que é essa música que fica grudada na cabeça da gente? Que realeza é essa?

Vamos analisar.

I've never seen a diamond in the flesh
I cut my teeth on wedding rings in the movies
And I'm not proud of my address
In a torn-up town, no post code envy

É uma música que fala de jovens que não se importam muito com que a indústria da música (propagandas e filmes) considera bom na vida e quer vender. Royals até rendeu uma polêmica porque a maioria das coisas que ela menciona como futilidade dos ricos e famosos são coisas relacionadas ao pessoal do hip hop e rappers (e a galera do Pop). Acontece que a Lorde é lá da Nova Zelândia onde tudo é natureza, limpinho, poluição visual zero, e ela é uma menina de 17 anos que escreve músicas usando suas referências e o que tem para comparar. Só isso. A Jessie J fala do mesmo assunto na ótima Price Tag.
E ela começa dizendo que nunca viu um diamante de verdade, só nos filmes. Não tem orgulho do seu endereço numa cidadezinha derrubada qualquer (as cidadezinhas na NZ são meio sonolentas), mas não tem inveja de nenhum outro código postal.

But every song's like gold teeth, grey goose, trippin' in the bathroom
Blood stains, ball gowns, trashing the hotel room
We don't care, we're driving Cadillacs in our dreams
But everybody's like Cristal, Maybach, diamonds on your time piece
Jet planes, islands, tigers on a gold leash
We don't care, we aren't caught up in your love affair

Aí vem a lista de um bocado de coisas que as músicas falam: dentes de ouro, vodka, drogas no banheiro, sangue, vestidos de festa, quebrar quarto de hotel, champagne, carros, relógios com diamantes, aviões, ilhas e até tigres com coleiras. (será as rádios kiwis não tocam nenhuma música sobre fim de relacionamento?) Mas Lorde e seus amigos não se importam com nada disso, dirigem Cadillacs em seus sonhos (usam transporte público acordados) e não estão nem aí para casos amorosos dos famosos. Esse caso de amor também pode ser a relação dos ricos e famosos com o dinheiro, e ela está dizendo que não estão presos (no meio) disso, que não os interessa.

And we'll never be royals
It don't run in our blood
That kind of luxe juste ain't for us
We crave a different kind of buzz

"Nós nunca seremos realeza, não está no nosso sangue (nem no bolso), esse tipo de luxo não é para nós, queremos outro tipo de barato". Seria esse barato bungy jumping? Downhill bike? Afinal a Nova Zelândia é a meca dos esportes radicais.

Let me be your ruler
You can call me queen Bee
And baby I'll rule, I'll rule, I'll rule
Let me live that fantasy

Mas de alguma forma ela quer reinar, ser a abelha rainha, nem que seja uma fantasia. (Queen Bee é uma referência a menina que manda no high school, quase uma mean girl. E também é como a Beyoncé é conhecida.)

My friends and I - we've cracked the code
We count our dollars on the train to the party
And everyone who knows us knows that we're fine with this
We didn't com from money

Lorde e azamigues já descobriram o truque, mas não diz o que é (deve ser que as coisas que a realeza ostenta nem são tão legais assim). Eles vão com o dinheirinho contado para festa, mas tudo bem, eles não vem de famílias ricas anyway.

But every song's like gold teeth, grey goose, trippin' in the bathroom
Blood stains, ball gowns, trashing the hotel room
We don't care, we're driving Cadillacs in our dreams
But everybody's like Cristal, Maybach, diamonds on your time piece
Jet planes, islands, tigers on a gold leash
We don't care, we aren't caught up in your love affair

Temos a listagem dos bens de consumo mais uma vez, mas eu duvido que a Lorde não goste de uma boa fofoca. Aposto que ela dá uma olhadinha na Caras kiwi no cabeleireiro.

And we'll never be royals
It don't run in our blood
That kind of luxe just ain't for us
We crave a different kind of buzz
Let me be your ruler
You can call me queen Bee
And baby I'll rule, I'll rule, I'll rule
Let me live that fantasy

Realeza eu também nunca vou ser, Príncipe Harry não me da bola. Adoro esse "I'll rule" como se fosse um lobinho uivando. O que a realeza vende não é o que a vida real oferece, então deixa ela viver a fantasia.

We're bigger than we ever dreamed
And I'm in love with being queen
Life is great without a care
We aren't caught up in your love affair

Aqui ela diz que são maiores do que sonharam, que ela adora ser a rainha, que a vida é ótima sem preocupação, mas não está interessada nesse caso com dinheiro e ostentação (a palavra da moda). Resumindo: não tem inveja, mas não é nada mal ter dinheiro. Como boa adolescente está indecisa. Lorde, depois me conta como é a vida pós-dois grammys. (Cristal, Maybach....)

And we'll never be royals
It don't run in our blood
That kind of luxe juste ain't for us
We crave a different kind of buzz
Let me be your ruler
You can call me queen Bee
And baby I'll rule, I'll rule, I'll rule
Let me live that fantasy

Boa sorte em tirar essa música da cabeça. Auuu, auuuuuu, auuuuuuuuu.

O video mostra como é a vida meio parada da Nova Zelândia. Os rapazes estão todos meio apáticos, entediados. Eu adoro a Nova Zelândia, é um dos lugares mais bonitos que já fui (fui duas vezes e voltaria), mas, como eu disse, é para curtir a natureza, fazer caminhadas, esportes radicais. Festa não é com eles.





A fofa da Lorde até escreveu uma cartinha para os fãs depois do Grammy. 

23.1.14

Book Report: Fim - Fernanda Torres

Depois de ver em vários lugares elogios ao livro da Fernanda Torres, gostei da capa, comprei e li.



A morte é inevitável, implacável, inflexível, a única certeza. O que cabe a nós é aproveitar a vida até o fim e cada um faz o que pode (e quer).

O livro é sobre 5 amigos. Cada capítulo é um deles no momento de sua morte e assim ficamos sabendo o que cada um pensa dos outros, dos relacionamentos e acontecimentos na sua vida. As vezes a mesma história é contada por diversos pontos de vista.

Alvaro (o apático com problemas de ereção), Ribeiro (se acha um eterno garotão e é até um pouco pedófilo), Silvio (o taradão pansexual topa tudo), Neto (o caretão) e Ciro (o bonitão, isca de mulheres). Todos tem seu auge entre as décadas de 1960 e 1980 com todas as mudanças e liberdades que a época trouxe.

Também tem partes bem entrelaçadas dedicadas aos agregados: esposas, filhos, o padre e até uma enfermeira.

E retrata as mazelas da velhice, afinal, para muitos, essa vem antes da morte.

Tudo se passa nas ruas do Rio de Janeiro com humor e ironia. Sim, existe humor na morte ainda que melancólico. A escrita é ágil, a leitura é ótima.

Sempre achei que o Rio de Janeiro seria uma ótima cidade para idosos, mas logo no primeiro capítulo o velhinho reclama das malditas pedras portuguesas e diz que "depois dos setenta a vida se transforma numa interminável corrida de obstáculos.". Repensando a aposentadoria.


17.1.14

+Filmes

Os indicados ao Oscar foram anunciados (lista completa) e só tenho a dizer que não tiveram nenhum amor por Rush, nenhuma indicação, nem edição de som.

Her (Ela)

Num futuro próximo, numa Los Angeles que mais parece Xangai, toda em tons pastéis, todo mundo anda falando sozinho. É que não vai ter mais essa de ficar olhando para o celular, é um sistema operacional que fala tudo para você (lê as notícias, emails, mensagens, etc.). O aparelho se resume a uma camera para filmar com uma tela para ver fotos mais um fone de ouvido sem fio.
O Theodore (Joaquin Phoenix) compra um sistema operacional novo, que promete ser diferente, e o instala. Aí surge Samantha, nome que o próprio S.O. se deu porque achou bonito no meio de milhares de um livro de nomes de bebês. Samantha é inteligente, engraçada, solicita. Theodore e ela começam uma relação que para ele é muito boa. Antes ele era um recluso, ainda deprimido por causa de um divórcio, e com Samantha ele vai para o mundo.

Acontece que a Samantha se desenvolve muito rápido, ela pensa, ela busca alternativas, tem iniciativa, ela quer mais.

Eu gostei muito do filme, mas tenho uma observação: gente, e o figurino desse filme? Que calças são aquelas? Esse é o futuro da moda masculina?

Her levou Globo de Ouro de melhor roteiro para o Spike Jonze (que também dirigiu). Foi indicado ao Oscar de melhor filme, trilha sonora, música, roteiro original e desenho de produção.

A Tia Helô não é da época da inteligência artificial, essa coisa de uma pessoa (ou máquina) falando no seu ouvido faz todo mundo parecer meio esquizofrênico.... 418 "Ai, Jesus!" para Theo e Sam.


Dallas Buyer's Club

Esse filme é baseado na história real de Ron Woodward, um texano que, quando descobre ser portador do HIV e tem AIDS, é dado um mês de vida. Ron começa a buscar alternativas para seu tratamento além do que o hospital americano oferece e passa a ter um sobrevida (que durou 7 anos). Ele consegue remédios de outros países que não são aprovados pelo FDA (porque o lobby da indústria farmaceutica nos EUA é forte) e monta um clube onde por uma mensalidade os membros tem acesso aos remédios.

O Matthew McConaughey está incrível como Ron. Ele já tem o sotaque texano naturalmente, mas todo o resto foi muito bem trabalhado. E o Jared Leto na pele do transsexual Rayland? Palmas para os dois. (e os dois levaram seus Globos de Ouro merecidos para casa)

Esse filme é muito bom, mesmo com toda aquela estética anos 1980 e muita gente tossindo. Foi indicado ao Oscar de melhor filme, ator, ator coadjuvante, maquiagem, edição, e roteiro original.

Acho que a Tia Helô ia gostar do Ron, gente que faz, mas diria 589 "Ai, Jesus!" para aquelas fotos na parede.

Saving Mr. Banks

Aqui no brasil vai sair como "Walt nos bastidores de Mary Poppins" que retira toda a sutileza do título original, mas isso não é novidade.

Em Saving Mr. Banks a Emma Thompson (ótima) faz a autora australiana P.L. Travers que escreveu os livros da Mary Poppins. O Walt Disney (no filme feito pelo Tom Hanks) tentou durante 20 anos fazer com que ela cedesse os direitos para fazer o filme e ela sempre negava.

O filme começa no ponto em que ela vai para Los Angeles ver como está a pré-produção do filme e dar pitacos de como ela quer que seja e assim, talvez, assinar o papel que cede os direitos.

Ela é linha dura, duríssima. Não deixa passar nada que não seja do jeito dela e frustra principalmente os compositores (ela não queria que fosse um musical). Inclusive pede para que tudo que falam, criam e decidem na sala seja gravado (e fiquem até o fim do filme que tem um pedaço das gravações originais). Ela detestava animações e não queria de jeito nenhum que o filme tivesse, e nós sabemos que isso aconteceu de qualquer jeito. O Walt Disney tentava de todo jeito fazer suas vontades e impor o que ele queria (porque, vamos combinar, o Sr. Disney não era nenhum santo).

Paralelo aos acontecimentos de Los Angeles temos a infância da Sra. Travers na Australia e seu pai sonhador e alcoólatra.

Eu gosto muito do filme da Mary Poppins, assisti muitas vezes. Nunca li os livros.

A Tia Helo ia adorar a PL Travers linha dura. 21 "Ai, Jesus!" para a salvação do Mr. Banks.

16.1.14

Novas Series

 Mais uma leva de séries novas:

Intelligence
Vocês sabem que eu adoro o Sawyer, então não ia deixar de ver a nova série do Josh Holloway. É sobre um cara que recebe um chip no cérebro e vira meio que um super computador ambulante. Aí você me pergunta: como Chuck? Bem, quase. A diferença é que o Gabriel (personagem do Josh Holloway) consegue se conectar via bluetooth/wifi/whatever com qualquer máquina e ele foi voluntariamente cobaia (eu acho). O Gabriel trabalha para um orgão de segurança do governo (não peguei a sigla) e ao mesmo tempo tem que ser protegido porque é uma arma. Ele tem uma agente da CIA a tiracolo para proteção. O Gabriel faz o tipo garoto problema e além de suas missões oficiais ele quer descobrir o que aconteceu com a esposa (se bem que no segundo episódio já resolvem esse mistério, mas ele continua revoltadinho).

Confesso que vou ver mais alguns episódios por saudades do Sawyer, mas na linha inteligência artificial tenho achado Almost Human mais divertido (adoro o bromance entre o Kennex e o Dorian).

True Detective
A série nova da HBO.

É sobre dois detetives que estão tentando solucionar um caso que talvez envolva um serial killer e gente que acredita no demônio. A ação se passa em dois tempos diferentes: em 1995 eles estão resolvendo o crime e em 2012 eles estão respondendo perguntas que tem a ver (ou não) com o tal crime do passado.

Confesso que quando vi a primeira cena do crime logo lembrei de Hannibal (que volta para a segunda temporada em fevereiro). Foram as cores da filmagem e os props que o assassino usou no crime, mas as semelhanças param aí. O detetive Rust (Matthew McConaughey ótimo!) é do tipo que tem sensibilidade e raciocínio para desvendar os crimes. Ele é misterioso, tem um passado trágico e não é muito bom com pessoas. O parceiro dele Marty (Woody Harrelson) faz a linha camarada, policial tradicional, com mulher e filhas, amigo de todos. Acho que fiquei mais curiosa com o detetive Rust do que com o crime e óbvio que vou continuar assistindo.

Enlisted
Três irmãos no exército. O mais velho é supersoldado, o do meio é um poço de sarcasmo e o mais novo parece que engoliu dois unicórnios e três arcoiris. O mais velho é forçado a voltar da guerra no Afeganistão e ser sargento de uma unidade na Florida, onde seus irmãos servem, e que trata de cuidar das famílias dos militares que estão na guerra. Falando assim até parece sério, mas é uma série boba e muito engraçada. Dei boas risadas e vou ver mais alguns episódios.


Ainda estou traumatizada com o final da sexta temporada de Sons of Anarchy. Aguardo ansiosamente a sétima. And that's all I have to say about that.

Justified voltou com Rayland já papai e distribuindo tiros. A família desajustada de Shameless ainda tem muito o que aprontar.


14.1.14

+ Filmes

Começando a temporada do Oscar. Ano passado vi o excelente Antes da Meia Noite, a obra prima visual que é Gravidade, o tenso Prisioners, e o ótimo Rush. Vamos ver se esse ano consigo ver todos os possíveis indicados (a lista sai dia 16/01) antes da premiação (02/03).


12 Anos de Escravidão

Acho que esse foi um dos melhores filmes sobre escravidão já feito, dá quase para sentir as chicotadas e físicas e psicológicas.

É baseado na história real de Solomon, um homem negro livre que vive no norte dos EUA, educado, casado com filhos e músico. Um dia é enganado, sequestrado e é vendido para ser escravo nas plantações do sul na época pré-guerra civil americana. Solomon logo recebe outro nome e cada vez que tenta dizer o seu leva um tapa na cara. Ele vê que para sobreviver vai ter que se calar, mas como ele mesmo diz: "Não quero sobreviver, quero viver.".

Solomon sofre com a perda da liberdade de ir e vir e da liberdade de pensamento que tinha. Ele tem que fingir que não sabe ler e escrever, que o deixa muito frustrado.

É também um filme sobre relações humanas (ou não tão humanas), entre senhor e escravo, privilegiado e dominado, o patrão e empregado, entre homem e mulher.

O Chiwetel Ejiofor faz um excelente trabalho como o Solomon e o Michael Fassbender, um irlandês-alemão, entrega um senhor de fazenda sulista com propriedade.

Não sei se era intencional, mas a sensação que tive é que esses 12 anos passaram rápido, mas não diminui o sofrimento e humilhação que o Solomon passou.

Levou o globo de ouro de melhor filme drama.

A Tia Helo não iria aguentar ver esse filme ate o fim, nem com Brad Pitt fazendo o fofo. Pelo menos 521 "Ai, Jesus!" para os 12 anos de escravidão de Solomon.


August: Osage County (Album de Família)

Esse filme teve o melhor poster do ano passado (ainda mais depois de anos de posters genéricos). Daqueles que realmente te deixa curiosa para saber o que diabos está acontecendo.


E é isso mesmo: briga de família. Quem nunca? A Meryl Streep é Violet, a matriarca com a língua afiada que está com câncer na boca (e tomando muitos remedinhos). Julia Roberts é Barbara, a filha mais velha, queridinha e ao mesmo tempo a que desafia a mãe. Juliette Lewis é Karen, a filha doidinha e a Julianne Nicholson é Ivy, a filha responsável. No início do filme o marido da Violet contrata uma empregada porque tudo aquilo está "atrapalhando a minha bebedeira" e vai para um passeio de barco do qual ele não volta.

Todos se reunem na casa, inclusive os agregados, e aí ficamos sabendo de todas as fofocas: Barbara está separada do marido porque ele a trocou por uma mulher mais jovem, Karen tem um noivo que gosta de garotinhas, Ivy está xonada no primo e NADA disso escapa a astúcia e língua ferina da Meryl Streep. Ela é praticamente um Sherlock Holmes para segredos de família.

A Tia Helô iria gostar de algumas verdades que a Violet cuspia, 317 "Ai, Jesus!" para esse filme


American Hustle (A Trapaça)

Resumindo: o Batman adotou o look Tony Soprano e virou trambiqueiro nos anos 1970. Ele se casou com a Katniss, mas se apaixonou pela Lois Lane e se mete em enrascadas com o Hawkeye e o Bradley Cooper (que nunca foi super herói).

É um filme que tem um pouco de tudo: cambalacho, todo mundo engana todo mundo, cabelos em permanentes, decotes generosos, música ótima, mafiosos, roubo, drama familiar, amantes....ufa! Quase não cabe tudo em 2 horas.

A Jennifer Lawrence (ótima) e o Christian Bale estão muito bem. Amy Adams e Bradley Cooper também não deixam a peteca cair. Gente, o Bradley Cooper consegue ser HOT até com permanente no cabelo, camisa aberta até o umbigo e dançando passinho no Studio 54. Gostei de ver o Louis CK num papel quase sério. A reconstituição de época é muito boa. Achei esse filme divertido.

Levou globo de ouro de: melhor filme comédia/musical (não sei onde esse filme é comédia, musical só se for a cena da J.Law cantando Live and Let Die, mas tudo bem), Amy Adams de atriz e J.Law de coadjuvante.

A Tia Helo ia ficar horrorizada com aqueles rolinhos que o Bradley Cooper usa para manter o cabelo no permanente. 621 "Ai, Jesus!" para a pança do Christian Bale.


Don Jon

O Joseph Gordon-Levitt escreveu, dirigiu e atuou nesse filme sobre um rapaz que, como ele mesmo diz, só se importa com: "meu corpo, meu apê, meu carro, minha família, minha igreja, meus amigos, minhas garotas e minha pornografia.". Na verdade a pornografia vem em primeiro lugar, ele é daqueles que já fica animado escutando o barulho do Mac ligando.

Jon gosta de sair com os amigos, ir para a balada, dar notas para as mulheres e levar uma para casa para transar (com toda cara de quem fica se olhando no espelho). Acontece que ele sempre fica decepcionado que as mulheres que ele pega na balada não transam como as dos videos pornôs que ele tanto gosta. Jon também não deixa de se confessar toda semana, inclusive detalhando quantas vezes descabelou o palhaço/jogou dados/fez um 5 x 1.

Um dia o Jon conhece a Barbara (que recebe uma nota alta dele) e se apaixona (ou acha que está apaixonado). Acontece que a Barbara gosta de filmes românticos e, assim como o Jon espera que as mulheres transem como nos pornôs, ela espera que os homens se comportem como se estivessem numa comédia romântica. Ambos só querem o que o outro pode representar.

Eu gostei da irmã do Jon que passa o filme todo teclando no celular, mas quando fala diz tudo.

O filme segue numa direção que eu não esperava, mas ficou interessante. Acho que o Joseph Gordon Levitt fez um bom trabalho.

A Tia Helô ia gostar do Jon, afinal ele sempre confessa os pecados para o padre e cumpre sua penitência (mesmo que seja rezar ave maria enquanto malha). 279 "Ai, Jesus!" para o Don Jon.

8.1.14

Analisando a música: Psycho Killer (Talking Heads)

Essa semana assisti ao filme CBGB sobre o bar/clube de música de mesmo nome, em Nova York, onde várias bandas começaram a tocar (Ramones, Blondie, Patti Smith, etc) e consideram o lugar onde o Punk nasceu.

O filme (divertido) conta a história do Hilly Cristal, um cara que não ligava para coisas como pagar as contas e limpar banheiros, mas era amigo de muita gente. Hilly tinha um ouvido bom para música e escolhia as bandas que iam tocar no seu bar. Claro que ele só queria bandas com músicas próprias para não ter que pagar o ECAD americano.

O CBGB funcionou de 1973 a 2006 na Bowery, uma avenida que, nos anos 1970, era um lugar com algumas flophouses (pensões, hotéis baratos pouco salubres, albergues) para veteranos da guerra do Vietnã e pessoas que geralmente não estavam bem na vida. A rua era suja, cheia de junkies, mendigos, ex-presidiários e bebuns. O lugar certo para música undergorund e para quem queria fugir das bolas espelhadas da disco music. Como disse o Hilly Cristal "As pessoas que frequentavam o CBGB não se importavam de esbarrar em alguns bebados e passar por cima de alguns corpos.".

Hoje a Bowery faz a divisa entre o SoHo/NoHo e o East Village e virou um lugar bacana, flophouses viraram albergues moderninhos e tem até um museu novo de arte contemporânea (New Museum).

O Talking Heads foi uma dessas bandas que começaram a carreira tocando no CBGB. Quando o David Byrne e cia foram incluídos no Rock and Roll Hall of Fame, em 2002, agradeceram o Hilly Cristal pela oportunidade.

David Byrne, Chris Frantz e Tina Weymouth eram ex-alunos da Rhode Island School of Design. Em 1975 David e Chris iniciaram uma banda chamada The Artistics que não durou muito. Aí o Chris deu força para sua namorada Tina aprender a tocar baixo e formaram o Talking Heads.

O primeiro show da banda foi no CBGB abrindo para os Ramones, em 1975. O primeiro album veio dois anos depois em 1977.

Não conheço a discografia do Talking Heads tão bem assim, mas gosto de várias músicas. A banda é considerada new wave, mas tenho minhas dúvidas, eles tocam um pouco de cada coisa: pós-punk, folk, americana, funk, rock, pop e até new wave. O David Byrne gosta de fazer experimentação sonora e a banda tinha um quê intelectual. (New Wave para mim é B52's, Go-Go's, Devo)

A banda tem alguns hits: Burning Down the House, And She Was, Road to Nowhere, Wild Wild Life (adoro), a analisada da vez, Psycho Killer.

A banda separou oficialmente em 1991, o David Byrne já vinha com uma carreira solo desde a metade da década de 1980. Cris e Tina também tinham outra banda, o Tom Tom Club (que tem Genius of Love, com uma batida muito conhecida). Todos continuam ativos, como músicos e produtores. David Byrne até escreveu um livro, Diários de Bicicleta.

Psycho Killer é do primeiro album da banda, Talking Heads 77, mas foi composta antes. No filme é a música que tocam para o Hilly Cristal quando vão ser escolhidos para tocar no CBGB. A linha de baixo dessa música é muito boa, a Tina Weymouth aprendeu rapidinho.

Como o título diz, é uma música sobre um psicopata, serial killer, e seus pensamentos. Como os integrantes da banda moravam na Bowery na época, acho que a inspiração veio da vizinhança.

I can't seem to face up to the facts
I'm tense and nervous
And I can't relax
I can't sleep 'cause my bed is on fire
Don't touch me 
I'm a real live wire


A música começa com um psicopata na linha Norman Bates: não assume os fatos, é tenso e nervoso, não relaxa. A cama dele pega fogo porque não consegue dormir, mamãe Bates o deixa inquieto. Está tão tenso que se a provável vítima encostar um dedinho nele pode ver o sangue descendo no ralo do chuveiro.

Psycho Killer
Qu'est que c'est
fa-fa-fa-fa-fa-fa-fa-far better
run-run-run-run-run away

Psicopata, que é isso?? Esquece o banho, melhor correr. Rápido!

You start a conversation you can't even finish it
You're talking a lot, but you're not saying anything
When I have nothing to say, my lips are sealed
Say something once, why say it again?


Aqui um psicopata tipo Dexter, que quando vai matar os outros psicopatas adora dar uma liçãozinha de moral. As vítimas estão lá na mesa, cobertas em plástico, peladas, ele pega um pouco de sangue e diz porque aquela pessoa merece morrer e porque ele é melhor que os outros (ou se acha melhor). "Você fala muito, mas não diz nada. Quando não tenho nada a dizer, calo a boca."

Psycho Killer
Qu'est que c'est
fa-fa-fa-fa-fa-fa-fa-far better
run-run-run-run-run away

Como assim, seu psicopata?? Melhor esconder as facas da casa e correr.

Ce que j'ai fais, ce soir la
Ce qu'elle a dit, ce soir la
Realisant mon espoir
Je me lance vers la gloire, OK
We are vain and we are blind
I hate people when they're not polite


Nesse verso temos um psicopata Hannibal Lecter: fino, chique, fala francês, sabe das fraquezas humanas (vaidade e cegueira) e, mais importante, detesta pessoas mal educadas. A vítima pode perder a vida e virar jantar só porque disse que o amuse bouche do Dr. Lecter era uma simples coxinha.

Psycho Killer
Qu'est que c'est
fa-fa-fa-fa-fa-fa-fa-far better
run-run-run-run-run away

Mon ami, psychopathe, qu'est que c'est? Foge que o fígado era humano!





Esconderam as facas? Vamos dançar com Talking Heads.




Extra: O pessoal do forum falou muito no Patrick Bateman de American Psycho, que é tudo isso na música: nervoso, moralista e fino. Disseram até que o Bret Easton Ellis usou essa música como uma das inspirações para criar o personagem. O livro é ótimo e o filme também.

6.1.14

iCoisas

Os leitores do blog sabem que sou fã do iPod. Comecei com um mini em 2005, fiz o upgrade para o nano em 2007, depois para outro nano (o com touch screen, melhor coisa para correr) em 2010. Tive um shuffle quadradinho ótimo (que morreu em 2009, depois de muito uso) e um shuffle que deu problema (mas ainda funciona). Comprei um iPod Touch da primeira geração, que passei adiante e ainda funciona lindamente, e tenho um Touch mais novo que comprei em 2011.

São muitas iCoisas.

Quando fui para os EUA em 2012 sobrou uma grana no último dia de viagem e eu decidi comprar um telefone novo. O meu Galaxy Ace funcionava super bem, não me deixou na mão nenhuma vez, mas eu queria um upgrade. Como gostei de usar o Android, estava de olho no Galaxy III (o 4 saiu logo depois) mas no lugar onde eu estava não encontrei nenhuma loja que vendesse o aparelho sem operadora. Tinha uma Apple Store no meio do caminho, então foi um iPhone mesmo (que nada mais é do que um iPod Touch que faz ligações).

Na época tinham acabado de lançar o 5 e, além das filas quilométricas, não vendiam desbloqueado então fui no 4S. Achei que foi uma compra acertada, o telefone era bom, a camera ótima, apps bacanas, já estava acostumada com o IOS e estava tudo lindo e maravilhoso.

Até que... 2 semanas atrás, um dia antes do natal de 2013, a bateria caiu de 75% para 1% em uma hora e não saiu mais desse 1%. Coloquei para carregar, troquei o cabo (o que mais tenho é cabo da Apple), fiz restart, restore (apaga tudo e volta para modo fábrica) e nada deu jeito. Depois que tirei do computador durou meia hora e apagou para sempre.

WTF Steve Jobs?? Como é que um aparelho com um pouco mais de um ano de uso morre desse jeito? (Claro que esperou a garantia acabar para morrer) Dei azar com esse aparelho? Talvez. Vai ver a Siri, que nunca usei, ficou revoltada e resolveu shut down de vez.

Sinceramente, eu esperava que durasse pelo menos 3 anos.

O pior é que não serve para mais nada. Nem como pen drive (16GB direto para o lixo). Minha vontade é fazer um "Will It Blend?" com esse telefone.

Para dificultar, o microchip do iPhone não cabe no Galaxy Ace (que continua firme e forte) sem um adaptador. A moça da loja local da Apple disse que eu poderia dar o 4S morto e mais R$900,00 que me dariam um 4S novo. Wait, what? Quase mil dilmas para um telefone igual ao que acabou de quebrar, mas com menos memória (8GB)? No, thanks.

Deixei para resolver depois do ano novo e já são mais de 2 semanas sem telefone. Tem amigo que acha que fiz seleção natural das amizades e o deixei de fora. Estou perdendo a fofoca nos grupos do whasapp.

Agora eu preciso de outro telefone (passei o Galaxy Ace para a minha mãe). Já estava pensando em outras marcas mas, por conta de uma troca de um presente de natal, tenho um crédito de valor razoável na revendedora Apple local. Então decidi completar esse crédito para um iPhone 5C, o colorido.

Vou baixar as expectativas, espero que esse dure pelo menos 2 anos.

3.1.14

Book Report: S.- J.J. Abrams e Doug Dorst


O J.J Abrams, o cara que nos deu LOST (saudades Sawyer), Fringe, Alias, Felicity, Star Trek reloaded, Missão Impossível 3 e está a cargo dos próximos Star Wars, teve a idéia para um livro e chamou o Doug Dorst para ajudá-lo a escrever.

Nunca li nada do Doug Dorst, é escritor de sci-fi/terror, mas ele tem um livro chamado The Surf Guru que só pelo título já coloquei na wish list.

Pelas séries e filmes, sabemos que o Mr. Abrams adora mistério, teoria da conspiração, e fez até um trailer para lançar o livro.

Eu ia comprar esse livro no kindle quando descobri que era interativo (adoro!), ou seja, tem que ser o livro físico mesmo. S. não é como Building Stories, que vem numa caixa enorme e tem a história fragmentada em pedaços (livros, livretos, panfletos, mapas, plantas baixas, revistas, etc) e você vai lendo do jeito que quer juntando os pedaços na cabeça.

Em S. vem um livro tamanho normal com papéis soltos dentro e tem quatro coisas acontecendo ao mesmo tempo. É metalinguagem: um livro dentro de um livro sobre um livro.

Um livro antigo, "Ship of Theseus", é achado por uma estudante que trabalha da biblioteca da universidade e ela deixa um recado escrito para o rapaz que o leu anteriormente. Os dois passam a se corresponder por notas deixadas ao longo das margens do texto do livro. Então:

1) tem a história do livro em si que é sobre um cara sem memória que zanza por cidades, eventos, lugares esquisitos, um navio e até pelo tempo tentando descobrir quem é.
2) tem o mistério do autor do livro (o tal V.M. Straka) que ninguém nunca viu e existem várias especulações e teorias da conspiração sobre quem ele é e sua relação quem traduziu suas obras, inclusive é por esse motivo que os dois leitores começam a "conversar" pelas margens laterais do texto.
3) tem a história dos dois leitores que temos que juntar os pedaços através do que escrevem nas laterais do texto do livro. Essa parte as vezes é confusa porque para determinada épocas eles usam cores diferentes de canetas, algumas notas estão mais no futuro que outras (um dos motivos pelo qual o livro não funciona no kindle).
4) tem você que está lendo tudo isso.


Para ajudar a decifrar o mistério do escritor (e revelar mais sobre os leitores) ainda tem várias coisas dentro do livro como: cartas, postais (do Brasil), mapas em guardanapos, telegramas, fotos, xerox de páginas de outros livros, obituário de jornal, etc. Tem que ter cuidado porque cada coisa está colocada na página onde tem a referência, ou seja, é bom segurar o livro direito para os papéis não cairem.

Além de tudo isso, claro que exige uma pesquisa na internet. É bom consultar o amigo Google (uma sugestão: Eotvos Wheel).



Confesso que, apesar de achar o conceito genial, no começo achei esse livro difícil de ler. As notas nas laterais me atrapalhavam demais (detesto ler livro sublinhado por outra pessoa), mas depois que entendi como funcionava, e acostumei, a leitura fluiu.

Eu li tudojuntoaomesmotempoagora, mas depois fui num forum que sugeriu ler o capítulo principal do livro e voltar para ler as notas em azul e preto referentes aquele capítulo. Depois de ler o livro inteiro voltar e ler as notas em roxo e vermelho e por fim as apenas em preto. De todo jeito eu não teria conseguido ler separadamente, mas fica a dica.

Tem muito daquela coisa de LOST (inclusive uma ilha) onde uma pessoa faz uma pergunta e a outra pessoa responde com outra pergunta ou com uma frase enigmática. Tem também um bocado de frases que podem ser encontradas em papos filosóficos de bebuns no botequim da esquina.

A história dos leitores (e a do escritor por tabela) prendeu mais a minha atenção do que a do livro "Ship of Theseus". Na verdade acho que todas poderiam ser melhor desenvolvidas.

Para ser sincera não achei nada de misterioso nesse livro, poderia ser melhor, ainda assim a experiência foi divertida.