30.3.13

Chasing Mavericks

O surf é um dos meus esportes favoritos e, definitivamente, o que mais gosto de ver. Posso passar horas sentada de frente para o mar vendo os surfistas manobrando nas ondas. É também o esporte mais  emocionante e difícil que já pratiquei. Só ficando em pé na prancha e descendo uma onda para entender. O surf exige equilíbrio, domínio de alguns medos e muito respeito a natureza porque o mar é uma caixinha um container de surpresas.

Como já disse em outro post, adoro filmes de surf, de todos os tipos, gosto até de Onda dos Sonhos e Tá Dando Onda (dos pinguins surfistas). Poucos esportes são tão bonitos e de uma plasticidade incrível quanto o surf.

Então fui assistir Chasing Mavericks para ver as cenas de surf sem saber do que se tratava a história. Mavericks é um pico de surf em Half Moon Bay, na California, famoso por suas ondas gigantescas, ainda remáveis (maior do que isso só com tow in), e águas geladas. Era um lugar conhecido por poucos que se atreviam encarar paredões de água e alguns tubarões brancos no fundo, hoje todo mundo já ouviu falar de Mavericks.

O filme conta a história de Jay Moriarty, um garoto que cresceu em Santa Cruz na California, aprendeu a surfar bem cedo (9 anos) e dominava as ondas. Jay era um surfista versátil, usava pranchinha, longboard, surfava ondas pequenas, médias e enormes. Aos 16 anos (em 1994) foi o surfista mais jovem a dropar uma onda em Mavericks, não sem antes tomar um wipeout (vaca para os íntimos do surf) fenomenal que foi capa de revista.

Chasing Mavericks começa com Jay (Jonny Weston) ainda garoto contando as ondas para saber se o swell vai entrar. Depois ele aprende a surfar e já adolescente pede para o vizinho o treinar para pegar ondas grandes. O vizinho é Frosty Hesson (Gerard Butler de 300, macho-que-é-macho), um surfista experiente que tem toda uma metodologia Sr. Miyagi de ensinar. O Jay mora com a mãe problemática, o pai sumiu, tem um melhor amigo que as vezes se mete me encrencas e tem a namoradinha (que depois virou esposa). Jay é bom filho, aluno e amigo. Ele é esforçado e focado.

É baseado em fatos reais, mas confesso que não conhecia a história do Jay. Passei o filme inteiro achando que alguém ia morrer nas ondas gigantescas, ou o Jay ou o Frosty. Outras coisas acontecem no filme, mas, a não ser pelo wipeout histórico, eles sobrevivem a Mavericks.

O filme conta com a presença dos surfistas Peter Mel, Greg Long e Zach Wormhoudt, três big riders conhecidos, locais de Mavericks, que, no filme, são chamados de Magnificent Three.

As cenas de surf em Mavericks são muito bem feitas (parece que o Gerard Butler tomou um caldo f**a nas filmagens), o surf way of life da California está presente, o drama poderia ser melhor, mas no fim dá vontade de pegar a prancha e entrar no mar (para pegar ondas MUITO menores, óbvio).

O que me deixou com lágrimas nos olhos foi saber, no fim do filme, que o Jay Moriarty morreu aos 22 anos fazendo mergulho livre nas águas calmas das Maldivas.

Quando um surfista morre os amigos fazem uma roda no mar sentados em suas pranchas e jogam as cinzas se for o caso, ou flores. A primeira vez que vi uma cerimônia dessas foi em Phillip Island, perto de Melbourne, na Australia, e é bonito. O Jay é popular até hoje e para filmar a cena final apareceram mil surfistas (entre amigos dele, moradores de Santa Cruz e fãs) para refazer a roda.

"We all come from the sea, but we are not all of the sea. Those of us who are, we, children of the tides, must return to it again and again."

27.3.13

Analisando a música: Hungry Like The Wolf (Duran Duran)

O Duran Duran é uma das bandas que surgiu nos anos 1980 e sobrevive até hoje. Me atrevo a dizer que eles eram uma espécie de boy band, hoje são só uns tiozões bacanas tocando, mas tenho certeza que as fãs mais radicais vão discordar. O Duran Duran veio numa leva do rock britânico que incluia bandas como The Smiths e The Cure, duas bandas com integrantes esquisitos melancólicos. Mesmo tocando instrumentos e não fazendo passinhos coreografados, Simon Le Bon e cia vieram animar a festa e lançar moda com seus ternos bem cortados, olhos maquiados, faixas na cabeça, e luzes nos cabelos suficiente para falir companhias de energia elétrica.

O grupo foi formado por Nick Rhodes e Jonh Taylor, e depois incluiram Andy Taylor, Roger Taylor e Simon Le Bon. Todos bonitos e muito bem produzidos, mas os que faziam meninas e mulheres se descabelarem, úteros entrarem em ebolição, eram Simon Le Bon (sim, esse é o nome verdadeiro) e John Taylor que correspondiam fazendo a linha sexy. Meus gritinhos eram direcionados ao The Police, mas tenho uma amiga (não vou entregar) que era super fã do Duran Duran.

O Duran Duran não era só rostinhos bonitos, tanto que que as músicas resistiram bem ao tempo (os clipes nem tanto) e os tios fazem shows até hoje. Gosto de várias músicas deles: Girls On Film, Wild Boys, Rio, Is There Something I Should Know, Notorious, The Reflex, A View to A Kill (tema do 007), Come Undone e Ordinary World. Enjoei de Save a Prayer, mas é boa. Quando entrei na onda grunge parei de saber o que eles estavam fazendo, não conheço nada deles desde 1993 (último album deles que tenho é Duran Duran - The Wedding Album)

No início dos anos 1980 eles faziam um sucesso razoável na Inglaterra, mas foi depois da exibição do clipe de Hungry Like The Wolf, de Rio, o segundo album da banda, que os rapazes do Duran Duran ficaram conhecidos no resto do mundo e aí foi só correr para o abraço (e muitos gritinhos).

Parece que Hungry Like the Wolf foi composta em um dia, e é livremente baseada na história da Chapeuzinho Vermelho. Agora, não sei o que faz cinco rapazes trancados num estúdio, tocando notas em seus instrumentos, escrever uma música sobre o lobo mau.

Vamos ver o que o Duran Duran tem a dizer sobre essa fome lupina.

Darken the city, night is a wire
Steam in the subway, earth is afire
Do do do do do do dodoo
Woman you want me give me a sign
And catch my breathing even closer behind
Do do do do do do dodoo

Gosto dessa música, simpatizo com o dodododododo, mas até agora nunca tinha reparado direto na letra e me pareceu uma coisa stalker, meio creepy. Está certo que a música é sobre vontades primitivas e o ser humano não deixa de ser um animal, mas temos fama de ser racionais. De repente me dei conta que toda uma geração de mulheres escutou essa música achando lindo o Simon Le Bon fazer a linha stalker. Vamos combinar que uma pegada encaixada é importante, "sexo animal" pode ser divertido, mas perseguição tem limites né?
Dito isso, vamos ver como esse lobo caça. Claro que é tudo a noite porque a escuridão é condutora e facilitadora para o lobinho encontrar sua presa. Fumaça no metrô (Lobisomem Americano em Londres feelings) e a terra está pegando fogo. Aí ele diz "Mulher, você me quer é só me dar um sinal que já estou fungando na sua nuca". Quem já ficou numa fila onde as pessoas tem zero noção de espaço pessoal sabe que fungar na nuca não é nem um pouco agradável. Esperar por um sinal é até educado, pelo menos ele não ataca sem ela saber (ou querer).

In touch with the ground
I'm on the hunt down, I'm after you
Smell like I sound, I'm lost in a crowd
And I'm hungry like the wolf
Straddle the line in discord and rhyme
I'm on the hunt down, I'm after you
Mouth is alive with juices like wine
And I'm hungry like the wolf

E como um lobo ele precisa cheirar o chão onde a presa passou, "Estou na çaça, atrás de você.". Medo. Ele está tão cheio de desejo (conhecido como: taradão) que mistura os sentidos, confunde cheiro com som, está perdido, alterado com as outras pessoas em volta. Ainda está inseguro (como se estivesse andando balançando numa corda bamba), mas está na caça. A boca salivando e faminto como um lobo.
Claro que isso tudo pode só ser eufemismo para sexo oral ou metáfora para uma fantasia sexual mais elaborada. Ou simplesmente alguém que quer tanto alguma coisa (trabalho, fama, dinheiro, etc) que persegue com fome animal.
Vamos ver como se desenvolve o apetite lupino.

Stalked in the forest too close to hide
I'll be upon you by the moonlight side
Do do do do do do dodoo
High blood drumming on your skin, it's so tight
You feel my heat I'm just a moment behind
Do do do do do do dodoo

Olha aí ele na moita, mas muito perto para se esconder. Stalker. Esperando a luz da lua para chegar junto. Está até escutando o sangue bombeando nas veias dela. "Sente o meu calor que estou um instante atrás.". Vovó que olhos são esses? Que nariz é esse? E essa boca? Dododododododooo.


In touch with the ground
I'm on the hunt down, I'm after you
Scent and a sound, I'm lost and I'm found
And I'm hungry like the wolf
Strut on a line, it's discord and rhyme
I howl and I whine, I'm after you
Mouth is alive all running inside
And I'm hungry like the wolf

Outra vez na caça, mas dessa vez ele sente cheiro e escuta um som, se perde mas se acha (gosto dessa frase em inglês - scent and sound, I'm lost and I'm found - acho poética). Acontece que dessa vez ele não está mais inseguro, já anda com confiança na corda bamba (discórdia e rima), uiva e geme "Estou te seguindo!". A boca continua salivando e essa fome de lobo que não o abandona. (Estou quase convencida que esse lobo não é tão mau assim)

Hungry like  the wolf 
Hungry like the wolf

Repetido algumas vezes com um gemido sugestivo no meio da música.

Burning the ground I break from the crowd
I'm on a hunt down I'm after you
Smell like I sound, I'm lost and I'm found
And I'm hungry like the wolf
Strut on the line, it's discord and rhyme
I'm on the hunt down, I'm after you
Mouth is alive with juices like wine
And I'm hungry like the wolf

Queimar o chão é uma ótima maneira de se livrar da concorrência e abrir caminho. "Estou na çaça, atrás de você.". Continua misturando cheiro e som, se perde mas se acha, dessa vez com mais segurança e a boca ainda salivando, juices like wine, auuu. Vai saciar essa fome lobinho!

O clipe foi gravado em Galle, no Sri Lanka, um lugar que não deve ter lobos, mas tem leopardos e elefantes. No fim o Simon Le Bon tem uma marca de garras no pescoço. O caçador virou caça?



19.3.13

Enquanto isso na noite de Fortaleza...

Hoje é feriado (dia do santo da chuva) então a segunda-feira virou sábado e ontem a cidade estava cheia de opções. Três para ser exata.

Eu só fui na Birosca fofocar com as amigues e depois direto para casa dormir antes da chuva cair, mas o meu amigo Sávio estava apenas começando sua saga.

Depois de confabular com os muitos amigos qual era a boa da noite (entre as 3 opções), uma amiga convenceu o Sávio a ir ao show do Sambô. (Confesso que tive que perguntar ao Google o que, ou quem, era Sambô) Quando o Sávio chegou ao local do crime show, além de estacionar muito longe, "dentro da favela" segundo ele, teve que enfrentar a fila para comprar o ingresso. Ele conseguiu comprar seu ingresso de pista, mas disse que na entrada tinha 10 garçons oferecendo mesas de plástico para quem queria ficar na pista e que um desses garçons o seguiu insistentemente oferecendo a personal mesa de plástico. Depois de driblar uma multidão e várias mesas de plástico aleatórias na pista, o Sávio encontrou a amiga que estava na área reservada as mesas de fato e que era separada por uma grade ("o muro do apartheid"). Duas músicas depois o Savio achou o Sambô muito morno e decidiu partir para a próxima opção. Acontece que foi bem na hora da chuva forte e ele teve que ficar e escutar mais alguns hits do U2 e Janis Joplin em ritmo de samba.

A chuva parou, o Sávio pode sair dessa terceira dimensão e avançar para a twilight zone: a Guarderia, onde estava tendo um show do Natiruts. Do samba para o reggae. Chegando na Praia do Futuro ele viu que muitas pessoas já estavam saindo da Guardeira ("um bando de pinto molhado") e o som vindo de lá era "D2 mas mantenha respeito..." (que ano é hoje??). Aí ele ligou para um contato dentro da Guardeira para averiguar a situação e teve a seguinte resposta da informante :"Não entra, está uma muvuca, e como choveu todo mundo que estava na pista foi embora e o resto está aglomerado na área do camarote". (Camarote para o show do Natiruts? Pois é.)

 Next!

A opção número 3 era o Órbita, do outro lado da cidade na Praia de Iracema. Quando o Sávio chegou na porta escutou o vocalista da banda dizendo "Tchau pessoal!" e o DJ da casa começando seu set com a mesma música desde 2001. Não, obrigado.

Para não dizer que não tentou o Sávio ainda foi no Boteco mas aí já era muito fim de noite (nos dois sentidos), desistiu e foi para casa. Ligou a tv, assistiu uma entrevista do Jô, tomou um remédio para dormir, rodou as redes sociais, remédio não fez efeito, mais redes sociais, tomou o segundo e Zzzzzzzzz. Sono merecido.

Já está na contagem regressiva para o fim de semana.

17.3.13

Corrida de Domingo

Estava animada para a primeira prova do ano: os 5km do Circuito das Estações (tem 10km, mas ainda não estou no ponto de correr essa distância). Tinha treinado mas peguei uma gripe daquelas e fiquei de cama 2 dias antes da corrida. Acordei melhor e decidi encarar os 5km.

O percurso foi um pouco diferente indo pela Leste-Oeste, Centro e Praia de Iracema, pelo menos não era na Beira Mar (onde todo mundo corre todo dia). A idéia desse circuito é uma corrida para cada estação: outono, inverno, primavera e verão (a de hoje foi outono). Acontece que aqui no Ceará só tem 2 estações: calor com vento e calor com chuva, e esse ano a chuva ainda não apareceu. Então o problema dessa corrida foi....wait for it.....o calor.

Aí vocês que não são daqui perguntam: como assim você reclama do calor, não deveria estar acostumada? Explico. As pessoas que praticam esse esporte aqui geralmente correm entre 5 e 7 da manhã ou no fim da tarde e noite. Claro que tem gente que gosta de correr no sol quente, mas garanto que é um número bem pequeno.

A largada dessa corrida foi as 7:30 e já estava fazendo 31ºC. Não tinha copinho d'água que desse jeito e muitas pessoas andaram (_o/).

Minha sugestão para a organização é: uma largada mais cedo, óbvio, e o percurso poderia ter sido mais no centro da cidade onde tem sombra e zero transito no domingo.

Fora o calor o resto foi bem organizado. Aguardo a corrida do inverno, quem sabe eu arrisco 10km.



12.3.13

Momento TOC: Top 5 corridinhas do cinema

Esse fim de semana vou fazer a primeira corrida do ano: 5km da corrida das estações. Treinei um pouco, mas fui atrás de inspiração para um boost a mais.

5- George Clooney em Os Descendentes
Poucas corridas são ridículas como essa, mas ele consegue chegar onde quer: na casa do amigo para saber se é verdade que a mulher colocou um par de chifres na sua testa. É desajeitada, provavelmente parecida como a minha, mas é eficiente.



4- Time Britânico em Carruagens de Fogo
Uma corrida em grupo, todos no mesmo ritmo, camera lenta, na beira da praia, descalços, uma coisa linda. Queria ter passadas largas desse jeito, mas eles eram atletas olímpicos.



3- Daniel Craig como James Bond, especialmente em Skyfall
Falem o que quiserem dos outros Bonds, mas Daniel Craig tem a corrida mais bonita de todos. Costas retas, braços ritmados com as pernas, uma passada forte e respiração pelo nariz. Chega rapidinho em qualquer lugar sem cansar. (não achei uma cena específica dele correndo, só o trailer, mas o filme é tão bom que dá para assistir todo outra vez só para ver a corrida)



2- Tom Cruise em Missão Impossível 3
A corrida do Tom Cruise é conhecida, e é até parecida com a do Daniel Craig, mas acho que tem mais explosão. Nessa sequência do filme ele corre nas ruelas chinesas com mais velocidade que o Time Britânico inteiro na praia deserta. É uma corrida tensa, ideal para um sprint final.



Procurando a cena acima achei um video da evolução da corrida do Tom Cruise. E como ele corre! (Coisas que só o youtube faz por você)



1- Run Forrest, run!
Forrest Gump é um cara determinado, acordou um dia, decidiu correr e foi. O ritmo é variado, em algumas partes é um trotezinho básico, lento, em outras ele abre a passada e deixa o vento bater na cara. Corre no calor, no frio sozinho e em grupo. Um muso da corrida de rua.





BONUS: Não poderia deixar Rocky Balboa de fora. A corrida dele pelas ruas da Filadélfia é um clássico (ele também corre na praia e na neve pesada da USSR). Em Rocky II ele sai correndo de casa, passa pelo mercado, junta crianças fãs correndo atrás, faz salto em bancos de praça e dá um sprint final sen-sa-cional antes de subir as escadas do museu.



5.3.13

Lonely Boy

The Black Keys é uma banda que está aí desde 2001. É um duo, formado por um guitarrista e um baterista, que faz um som que posso definir como rock/blues. A primeira vez que ouvi falar deles foi quando quis saber qual era a música da abertura de Hung e descobri que era I'll Be Your Man. Em 2011 eles lançaram seu sétimo album, El Camino, que deu a banda alguns Grammys em 2013, entre eles melhor album de rock e melhor música de rock para ótima Lonely Boy.

Não vou analisar a música, mas vou falar do sensacional video clipe que fizeram para divulgá-la. A música é um rock cru, old school, sobre um cara que, apesar de se achar melhor que a garota, se apaixona, leva um fora, ela o deixa esperando e ele espera (e vai esperar um tempão, sozinho. BUFO!). O video é apenas um senhor chamado Derrick T. Tuggle dançando como a gente dança quando está só e fazendo lip sync da música.

Por que gostei tanto desse video? Eu conto. Quando estava na faculdade de engenharia, na UNIFOR, no início dos anos 1990, tinha um cara (infelizmente não lembro o nome dele) que na hora do intervalo fazia, hum, apresentações para quem estivesse ali olhando. Não sei qual era o curso dele, mas ele estava sempre ali pelos blocos da engenharia e administração. Alguém abria o porta malas do carro e começava a tocar uma música (adoram fazer isso aqui no Ceará) que podia ser rock, pop e até forró. O tal cara começava a dançar e fazer lip sync, nós riamos e até batiamos palmas no fim. Tenho certeza que muita gente achava espalhafatoso mas ele se divertia muito sem medo de ser ridículo. (tipo o Napoleon Dynamite)

Quando vi o video de Lonely Boy foi a primeira coisa que lembrei, inclusive porque a roupa que o Mr. Tuggle usa é IGUAL a que o cara da faculdade usava. Se o cara da faculdade fizesse isso nos dias de hoje alguém teria filmado e ele já teria se tornado um viral no youtube, mas como na época nem telefone celular tinha, ficou só na nossa memória.

A banda disse que os planos originais para o video dessa música não incluiam o Mr. Tuggle, iam fazer um video tradicional e tinham filmado várias cenas, mas jogaram tudo fora menos a parte Mr. Tuggle dançando. Segundo o Mr. Tuggle, o diretor do video perguntou se ele sabia representar e ele respondeu que sabia dançar, "Qualquer um sabe dançar.". Então, ele decorou a letra, fez tudo em UM take usando como referência Michael Jackson, Pulp Fiction, Carlton Banks, Embalos de Sábado a Noite e entrou para história dos videoclipes (junto com Praise You do Fat Boy Slim).

Aperta o play e duvido alguém ficar parado com Mr. Tuggle interpretando Lonely Boy.





3.3.13

Momento TOC: Top 7 Diretores e Trilhas Sonoras

Estava assistindo Bastardos Inglórios e decidi fazer essa lista de diretores que sabem escolher uma excelente trilha sonora. Não estou falando da música original composta para o filme, essa eu sei que é entregue a compositores geniais como John Williams, Ennio Morricone, Hans Zimmer, Michael Giachinno, Danny Elfmann, etc. Falo das músicas existentes que são inseridas em momentos chave do filme e fazem toda diferença. Tenho certeza que esses diretores sacam os vinis da estante e escolhem a dedo que música vai tocar.

7- Martin Scorsese - No início de Os Infiltrados um garotinho entra correndo numa loja e lá vem Jack Nicholson ao som de Gimme Shelter dos Rolling Stones, ali pensei "Tio Martin sabe das coisas.". Um pouco mais na frente ele coloca Comfortably Numb do Pink Floyd para um Leo DiCaprio visivelmente vunerável e tive certeza que ele tem uma coleção gigantesca de discos (além de filmes) em casa. Não a toa foi ele que dirigiu Shine a Light, o documentário dos Rolling Stones, e também o video de Bad do Michael Jackson. As trilhas de Goodfellas, Touro Indomável, Casino; New York, New York; Cabo do Medo, O Aviador, são todas muito boas. Old School.

6- Sofia Coppola - Ela é filha do cara que usou Cavalgada das Valquírias de Wagner na cena dos helicópteros em Apocalypse Now. Deve ser genético e Sofia sabe fazer a música funcionar nos seus filmes. No primeiro filme, o ótimo As Virgens Suicidas, ela vem de cara com Styx, 10CC, Al Green, Heart, Carole King, os canadenses do Sloan e um clássico da depressão: Alone Again (Naturally) do Gilbert Sullivan.  Em Lost in Translation até o que cantam no karaokê é escolhido a dedo, a trilha sonroa é variada com Pretenders, Just Like Honey do Jesus & Mary Chain na cena final, Chemical BrothersBryan Ferry, Phoenix e música japonesa. Maria Antonieta foi um filme de época com músicas modernas, a maioria da década de 1980, New Order, Siouxsie and the Banshees, Plainsong do The Cure na coroação, Bow Wow Wow, e até The Strokes. E Somewhere, apesar de ser o filme dela que menos gostei não posso negar que a trilha é escolhida a dedo, a cena da piscina com I'll Try Anything Once do The Strokes é linda (e ainda tem The Police, Foo Fighters e KISS).

5- Wes Anderson - A trilha sonora do The Royal Tenenbaums é fantástica, o início do filme é com Hey Jude dos Beatles de fundo enquanto a história da família é narrada, tem Me And Julio Down By The Schoolyard do Paul Simon na cena do avô fazendo travessuras com os netos, tem She Smiled Sweetly do Rolling Stones, Judy is a Punk dos Ramones, Rock the Casbah do The Clash, Velvet Underground, Nico, e muita coisa boa. Rushmore tem The Kinks, The Who, Rolling Stones, Cat Stevens e Yves Montand (oi?).  O Fantástico Mr. Fox tem Street Fighting Man dos Rolling Stones, óbvio. A Vida Aquática de Steve Zissou tem o Seu Jorge cantando hits do David Bowie em português, mesmo não gostando muito achei a ideia inusitada. The Darjeeling Limited tem a estranha Were Do You Go To (My Lovely), a animada This Time Tomorrow e a francesa Champs Elysees.

4- David Fincher - Veio do mundo dos video clipes, dirigiu os melhores da Madonna (Bad Girl, Express Yourself, Oh Father e Vogue), Freedom do George Michael e Love is Strong dos Rolling Stones. Podemos concluir que de música e imagem ele entende. O fim de Clube da Luta é ao som de Where is My Mind do Pixies e os créditos iniciais de The Girl With The Dragon Tattoo é com a sensacional versão de Trent Reznor de Immigrant Song do Led Zeppelin. The Social Network tem California Uber Alles dos Dead Kennedys e Baby, You're a Rich Man dos Beatles. Seven tem Closer do Nine Inch Nails e fecha com The Heart's Filthy Lesson do David Bowie. I rest my case.

3- Baz Luhrman - O primeiro filme do Baz Luhrman, Strictly Ballroom, é sobre dança de salão e trouxe Love is in The Air de volta as pistas, além de Perhaps, Perhaps, Perhaps na voz de Doris Day. Depois veio Romeo+Juliet com texto original do Bardo e músicas modernas: tem Lovefool dos Cardigans, When Doves Cry, a divertida Young Hearts Run Free, e a bonita Kissing You na cena do aquário. Aí Baz vem com o fantástico Moulin Rouge, um musical com músicas conhecidas, que tem tanta canção boa que nem sei qual a minha preferida: a versão de Like a Virgin da Madonna, Your Song, o Medley do Elefante ou o incrível tango feito de Roxanne do Police. Australia não teve uma trilha marcante, mas o próximo filme promete. O trailer de The Great Gatsby com a intensa No Church in the Wild, de Kanye West e Jay Z, junto com Love is Blindness do U2 num cover do Jack White já me deixou curiosíssima com o resto da trilha sonora desse filme.

2- Cameron Crowe - Crowe começou sua carreira de diretor com Say Anything (1989), aquele filme que o John Cusack vai na porta da casa da menina com aquele aparelho de som portátil enorme e toca Peter Gabriel, ou seja, começou bem. Foi em Singles que comecei a reparar que o Cameron Crowe tinha esse talento especial, afinal um filme com Pearl Jam (adoro!), Mudhoney, Smashing Pumpkins, Mother Love Bone, Pixies, REM, The Cult, já me ganhou (tive minha fase grunge). Aí ele veio com Jerry Maguire, que não tem músicas que chamam muito atenção (a não ser a linda Secret Garden do Bruce Springsteen), mas a trilha é muito boa. Quase Famosos é a cobertura do bolo, aqui ele colocou todo seu conhecimento do rock dos anos 1970 e a trilha sonora desse filme é maravilhosa. Ele meio que desenterrou Tiny Dancer do Elton John do fundo da vitrola e o criou a cena clássica do ônibus (nessa mesma trilha tem a bonita Mona Lisas And Mad Hatters, também do Sir Elton). Vanilla Sky tem uma trilha muito boa com música desde os anos 1960 até Wild Honey do U2  e Everything In It's Right Place do Radiohead que tinham sido lançadas no ano anterior, Cameron é atualizado. O último filme dele que vi (sem ser o documentário do Pearl Jam, que obviamente é maravilhoso #soufã) foi Elizabethtown que tem uma trilha eclética e muito melhor do que o filme (tem outra música pouco conhecida de Sir Elton: My Father's Gun).

1- Quentin Tarantino - Gênio. As trilhas sonoras são tão boas que funcionam até sem o filme, e ele casa música e cena como poucos.Tarantino tem o talento de exumar músicas esquecidas, assim como ele faz com os atores. Além disso, ele consegue mixar tudo isso com trilhas instrumentais fantásticas e ainda descobre pop japonês e música folclórica alemã. Em Reservoir Dogs tirou Stuck in The Middle With You do limbo. Em Pulp Fiction, além de Girl You'll Be A Woman Soon, tem também a clássica cena do twist com You Can Never Tell do Chuck Berry. Muito amor pela trilha de Jackie Brown. As vezes acho que o Tarantino pensa "Preciso escrever um filme para essa música!", só isso para explicar Bang Bang (My Baby Shot Me Down) da Nancy Sinatra na excelente trilha de Kill Bill, que ainda tem Malagueña SalerosaPlease Don't Let me Be Misunderstood (versão Santa Esmeralda) na linda cena na neve e A Satisfied Mind do Johnny Cash. Em Bastardos Inglórios Tarantino escolheu Cat People do David Bowie para explodir Hitler e muito Ennio Morricone. No recente Django Unchained a deliciosa trilha é puro western spaguetti, também tem coisa mais recente e Tarantino até compôs uma música, mas a desenterrada da vez foi I Got A Name que me peguei cantando um refrão no meio do cinema que eu não tinha ideia que sabia. Mal posso esperar o próximo filme dele.


Extras: Paul Thomas Anderson que usou Wise Up de forma genial em Magnólia e a trilha de Boogie Nights. Danny Boyle pela excelente trilha de Trainspotting. E, como o Ney me lembrou, Pedro Almodovar pelo conjunto da obra.


1.3.13

Analisando a música: Just Like Heaven (The Cure)

O The Cure vem a o Brasil em abril, não vou ao show (só Rio e SP, infelizmente), mas gosto muito dessa banda e aqui vai um analisando a música de uma das melhores canções dos anos 1980.

O The Cure é uma banda britânica formada em 1976, o primeiro album foi lançado em 1979,  e veio ao mundo numa leva de bandas excelentes como The Smiths, Joy Division (seguido do New Order), Siouxsie and the Banshees, Echo and The Bunnymen, Culture Club, Duran Duran, Depeche Mode e vou parar por aqui ou vai ser um post inteiro só com nome de bandas.

O som do The Cure é considerado Gothic Rock, whatever that means. Eu acho que de gótico mesmo eles só tem a aparência: roupas pretas, capas longas, botas militares, cabelos com laquê e batom vermelho (Oi?). Sim, a banda tem músicas melancólicas, mas acho que o Robert Smith, no fundo daquele cabelo alto e cara pálida, é um fofo. A banda é cheia de hits românticos como: Boys Don't Cry (ai, o amor adolescente), Pictures of You (adoro!), Friday I'm in Love (pelo menos na sexta ele está apaixonado), The Love Cats e Love Song (que ele compôs como presente de casamento para futura esposa).

Confesso que parei de seguir o que o The Cure estava fazendo depois de 1989, quando lançaram o album Desintegration (que tem Pictures of You e Love Song), que é muito bom, mas o meu preferido ainda é The Head on The Door (1985). É que entrei na onda grunge, mas isso fica para outro dia.

A ótima Just Like Heaven, mais uma na lista das românticas, é do album Kiss me, Kiss me, Kiss me, de 1987. Será uma música sobre aquele momento que você se apaixona? Ou será um sonho? Vamos descobrir.

"Show me, show me, show me how you do that trick
The one that makes me scream." she said
"The one that makes me laugh" she said
And threw her arms around my neck
"Show me how you do it and I promise you, 
I promise that I'll run away with you
I'll run away with you"

Essa música começa com uma introdução instrumental de 50 segundos, quase 1/3 do total. O que eles estavam fazendo até ele começar a narrar a história eu não sei, mas pela empolgação dela só pode ser coisa boa. Ela quer saber como  que truque é esse que a faz gritar e rir. É tão bom que ela o abraça e promete que vai fugir com ele. Eu também quero saber! É o canguru perneta? Moves like Jagger? Conta aí Robert Smith!
Numa entrevista ele disse que essa música é sobre hiperventilação, beijar e desmaiar no chão. Traduzindo: respiração ofegante, e beijar até perder os sentidos. A idéia de que uma noite intensa assim vale por mil horas enfadonhas. O amor é lindo.

Spinning on that dizzy edge
I kissed her face and kissed her head
And dreamed of all the different ways I had
To make her glow
"Why are you so far away?" she said
"Why won't you ever know that I'm in love with you
That I'm in love with you"

Aí leva mais 30 segundos instrumentais até o início dessa segunda estrofe, que eu acho significativo, um bom tempo para mais alguns amassos. Ele ficou tonto, deus uns beijos nela e entrou no mundo da imaginação bolando maneiras diferentes de a fazer brilhar intensamente. Olha Robert, nem precisava porque na estrofe anterior ela já estava disposta a fugir com você. O que acontece? Ele deve ter ficado distante, sonhando, ou desmaiou mesmo, ela notou, pergunta por que ele está tão distante e por que ele nunca saberá que ela está apaixonada. Também, desfalecendo toda vez que se beijam, ele não vai saber de nada mesmo.

You
Soft and only
You 
Lost and lonely
You
Strange as angels
Dancing in the deepest oceans
Twisting in the water
You're just like a dream

Essa parte da música eu acho que é nos sonhos dele (alguém sonha quando desmaia?). Ele também está apaixonado, ela é delicada e única, mas fica só no mundo da imaginação por isso ela é estranha como os anjos dançando nos oceanos profundos. Ela é como um sonho, idealizada.

Daylight licked me into shape
I must have been asleep for days
And moving lips to breathe her name
I opened up my eyes
And found myself alone, alone, alone above a raging sea
That stole the only girl I loved
And drowned her deep inside of me

Começa essa última estrofe com essa metáfora genial para acordar: "a luz do dia me lambeu até eu ficar em forma". Ele dormiu um bocado, abriu os olhos e estava sozinho. Ela obviamente se mandou, e também sumiu do sonho quando ele acordou. "O mar raivoso roubou a única garota que ele amou e a afogou dentro de mim". Hã? Minha interpretação dos fatos: eles estavam juntos, tudo lindo, intenso, aí ele kataploft, depois despertou, ela tinha ido embora e tudo que ele estava sonhando se perdeu, mas como uma pessoa apaixonada está tudo lá, afogado dentro dele. O momento intenso (real e no sonho) deve ter valido a pena porque ele termina essa música de forma magnífica:

You
Soft and only
You
Lost and lonely
You
Just like heaven

Você, delicada e única, perdida e solitária, é como o paraíso: perfeita.


Não deixe o vídeo com esses góticos indiferentes de preto e maquiagem pesada na beira do precipício te enganar, a música é bonita e animada.