30.12.13

Analisando a música: Closing Time (Semisonic)

Toda década tem seus one hit wonders, aquelas músicas que fazem muito sucesso, mas a banda (ou artista) nem tanto e só tem êxito com um single. Muitas vezes a banda/artista tem outras músicas, mas essa uma que virou hit se sobressai tanto que as outras músicas ficam de lado.

Acontece que esses one hit wonders tocam tanto na sua época (e algumas são muito boas mesmo), e se espalham pelo mundo, que atravessam as décadas e continuam fazendo sucesso nos programas de flashback das rádios, em festinhas nostálgicas e em filmes e séries.

Os anos 1990 tem: Tubthumping do Chumbawamba, Kiss The Rain da Billy Myers, Ice Ice Baby do Vanilla Ice, I'm Too Sexy do Right Said Fred, What's Up das 4 Non Blondes, How Bizarre do OMC, You Get What You Give dos New Radicals, I Touch Myself da Divinyls, What Do You Want From Me do Monaco, Lovefool dos Cardigans, One of Us da Joan Osbourne e muitas, muitas outras.

Escolhi Closing Time do Semisonic, um dos one hit wonders da década de 90, porque é fim de ano e nada como uma música sobre o momento que toca o sino no pub e é hora de ir embora. Também é uma música sobre fim e começo.

Closing Time é do terceiro album da banda: Feeling Strangely Fine, de 1998, do qual, além da música analisada da vez, eu só conheço Secret Smile. Eles tem outra música conhecida, Chemistry, mas não foi hit.

O vocalista da banda, Dan Wilson, escreveu Closing Time porque precisavam de uma música nova para terminar os shows da banda. E disse que compôs a música bem rapidinho, em 20 minutos (ele deve ser bom compositor, é co-autor e produtor de 3 músicas do super-hiper-über premiado 21 da Adele, sendo Someone Like You uma delas). Claro que essa música virou tema (e clichê) de último pedido de bebidas nos bares americanos, daquelas músicas que todos (já animadinhos) cantam juntos. Dan Wilson também disse que na época sua esposa estava grávida e ele estava com o nascimento do filho na cabeça. Para o pessoal do forum é sobre a vida, o universo e tudo mais. Então, como eu disse, é sobre fim e começo.

Vamos saber o que acontece na hora de fechar o bar.

Closing time
Open all the doors and let you out into the world
Closing time
Turn all of lights on over every boy and every girl
Closing time
One last call for alcohol so finish your whiskey or beer
Closing time
You don't have to go home but you can't stay here

Nos lugares onde existe lei para o horário de funcionamento dos bares a tal closing time é anunciada, seja tocando um sino ou acendendo as luzes. De um jeito ou de outro os bebuns sabem que é hora de pedir a última birita e se preparar para sair. Então, é hora de fechar, vamos abrir as portas, acender as luzes, tomar essa cervejinha e ir embora porque "Você não precisa ir para casa, mas não pode ficar aqui". Num momento filosófico, essa música também pode ser uma metáfora para a vida, o crescimento, amadurecimento, quando acabar e começar.

I know who I want to take me home

E ele sabe que ele quer que o leve para casa (safadinho). Escolha suas companhias, as boas e as más.

Closing time
Time for you to go out to the places you will be from
Closing time
This room won't be open 'til your brothers or your sisters come
So gather up your jackets and move it to the exits
I hope you have found a friend
Closing time
Every new beginning comes from some other beginning's end

Hora de fechar, é o momento de sair para os lugares de onde você será ou virá. Essa é difícil de traduzir. Porque não é de onde a pessoa é ou veio, é para onde ela vai e depois vai dizer que veio de lá, ou se identificar com o lugar. O bar vai fechar e só vai abrir no dia seguinte quando as pessoas voltarem. "Peguem seus casacos, vão para saída, espero que tenham encontrado um amigo/amiga". E aí ele solta a frase-FATO da música: cada começo vem do fim de outro começo. Circle of life. Terminando para começar.

I know who I want to take me home

Ele já escolheu a companhia para noite.

Closing time
Time for you to go out to the places you will be from

Hora de viajar!

I know who I want to take me home

Eu também sei quem eu quero que me leve para casa.

Closing time
Every new beginning comes from some other beginning's end.

Hora de fechar o ano e estourar o champagne.
Vamos terminar 2013 para começar 2014.

Feliz Ano Novo!





27.12.13

Momento TOC Livros (7)

Esse ano comecei com gás total, mirando a meta de 20 livros. Lá por agosto diminui o ritmo, achei que não ia conseguir, mas no final do ano recuperei e terminei com 21 livros. \o/
Mesmo com a Amazon no Brasil eu não transferi a conta e continuei lendo mais em inglês. Os livros em português gosto de comprar quando vou passear na livraria. Para o ano que vem vou tentar ler meio a meio.

Aqui está a lista desse ano.

- Gone Girl: A Novel - Gillian Flynn. Aqui no Brasil saiu com o título de Garota Exemplar. É daqueles livros que as coisas nunca são o que parecem, tem plot twist e não dá para contar nada sem dar spoiler. Gostei muito.

- A Balada do Café Triste - Carson McCullers. São 7 contos e o principal é o que dá titulo ao livro. A Carson McCullers é uma excelente escritora, seus textos são prazerosos mesmo que não façam muito sentido. Para quem nunca leu nada dela, recomendo O Coração é um Caçador Solitário.

- Building Stories - Chris Ware. É uma graphic novel que vem numa caixa enorme com diferentes tipos de livros, livretos, panfletos, etc onde quem monta a história é o leitor. Adorei.

- Damned - Chuck Palahniuk. Esse livro começa com "Are you there Satan? It's me Madison." numa óbvia referência ao ótimo livro juvenil Are You There God? It's Me Margaret da Judy Blume (aliás, editoras por favor publiquem a Judy Blume no Brasil). No caso de Damned, a Madison morreu e foi para o inferno. Ela era filha de bilionários (que colocaram ela numa escola interna na Suíça) e ela morre numa brincadeira sexual de asfixia com o irmão adotivo. Sim, isso é Chuck Palaniuk e não Judy Blume. No inferno tem um bocado de gente famosa e ela tem sua turma e eles exploram o mármore quente, lagos de esperma, montanhas de unhas, e outras coisas nojentas que só o Chuck consegue colocar no papel. No Halloween os mortos podem visitar os vivos e pegar balas e chocolates (moeda usada no inferno, claro). Achei divertido e parece que tem uma continuação.

- Freedom - Jonathan Franzen. Esse livro estava na lista do book club da Oprah e eu tinha anotado não lembro porque. É sobre uma família e as pessoas em volta. Tem a Patty (a mãe), Walter (o marido), dois filhos (Jessica e Joey), Richard (o amigo roqueiro), Connie (a namorada do filho) e mais algumas personagens. Cada capítulo desenvolve um personagem, alguns capítulos são o diário da Patty. Tem fofoca, intriga, traição, ou seja, tudo que uma boa novela deve ter. E muito bem escrito.

- Diários de Bicicleta - David Byrne. O vocalista do Talking heads é um entusiasta do transporte público e das bicicletas. Nesse livro ele conta suas experiências em cidades ao redor do mundo.

- O Museu da Inocência - Orhan Pamuk. Um livro indicado no grupo de leitura do FB. É sobre memória, amor, obsessão, história da Turquia e contei sobre ele nesse post.

- A Memória de Nossas Memórias - Nicole Krauss. Uma escrivaninha costura as histórias de pessoas que não se conhecem. Cada um conta sua história através das lembranças que tem e a escrivaninha está sempre presente (vai de NYC a Londres, passa por Israel e Alemanha na época nazista). Tem uma das melhores frases sobre amor/tesão: "Quando estava com Yoav, tudo que estava sentado em mim se punha de pé.". Gostei desse livro.

- Someday, Someday, Maybe - Lauren Graham. A Lauren Graham é uma atriz que mostrou ter talento para escrita. Para quem não está ligando o nome a pessoa, ela é a Lolerai Gilmore de Gilmore Girls. O livro é sobre uma atriz que mora em Nova York e se deu um prazo para começar a atuar de fato, ou seja, conseguir um papel que importe. Enquanto isso ela é garçonete (claro) e fica fazendo testes. É um livro divertido, escrito com humor e com alguns detalhes da indústria de teatro/cinema/tv. Acho que ela começou bem a carreira de escritora.

- The Leftovers - Tom Perrotta. Em português saiu como Os Deixados Para Tras. Um dia pessoas desaparecem. Sem motivo, no meio do jantar, dirigindo, fazendo compras, etc. Alguns religiosos dizem que é o fim dos tempos, mas todo tipo de gente desapareceu em todas as partes do mundo de todas as religiões. O livro se concentra numa cidade pequena onde 80 pessoas sumiram. Algumas familias perderam um membro, dois, nenhum, é aleatório e a razão para o sumiço não existe. O livro é sobre quem ficou para trás e como lidam com o fato. Tem os que vão para religiões e seitas, os que tentam seguir a vida, os que se rebelam, os que não querem deixar os outros esquecerem. Parece que vão fazer uma série desse livro. Aguardo.

- Infinite Jest - David Foster Wallace. Dizem que esse livro é a obra prima do David Foster Wallace, que é um autor cultuado (a Time disse que esse livro está entre os top 100 da lingua inglesa desde 1923). O livro é enorme, mais de mil páginas. A história é até interessante, tem partes boas, é uma paródia que abrange vários assuntos: familia, cinema, depressão, conspiração, drogas (e recuperação delas) até uma academia de tênis. Acontece que o DFW é tão prolixo que esse livro tem footnotes exageradas, longas, que explicam coisas que poderiam ser resumidas a uma frase no próprio texto. É muito, muito chato de ler e não vi nada de especial.

- Inferno - Dan Brown. Mais uma aventura do Robert Langdon, mas essa tem o meu amigo Maurizio. Contei nesse post.

- Os Enamoramentos - Javier Marías. Nunca tinha ouvido falar nesse autor, mas li a indicação num blog, gostei da capa e do título e comprei. É sobre uma mulher que todo dia faz people watching de um casal num café. Um dia o casal some e ela descobre lendo o jornal que o homem morreu assassinado a facadas por um mendigo. A mulher acaba amiga da viúva e conhece um escritor melhor amigo do morto. Ela e o BFF do morto começam a ter um caso, mas ela sabe que o cara está só esperando a viúva passar pelas fases da perda. Eles passam muito tempo do livro discutindo o Coronel Chabert do Balzac. Também tem uma filosofada sobre matadores de aluguel, suicídio, dissolução da responsabilidade do fato e os Três Mosqueteiros do Dumas.

- The Adventures of Kavalier and Clay - Michael Chabon. Acho que esse foi o melhor livro que li esse ano. Palmas para Michael Chabon e obrigado Amazon pela indicação. Falei dessa bonita história de amizade e liberdade nesse post.

- A Indenização - Duane Swierczynski. É um livro de espionagem e ação. Um chefe reune seus funcionários na empresa num sábado e pretende matar todos, mas alguns tinham outros planos. Divertido.

- Tubes: A Journey to the center of the Internet - Andrew Blum. Um dia o Andrew estava em casa e sua internet caiu. Ele descobriu que foi um esquilo que roeu o cabo e daí passou a pesquisar o que era a internet além dos cabos - a parte física da internet. Ele vai até a "nuvem" de fato que na verdade é um bando de aparelhos amontoados num prédio no Oregon (onde o clima ajuda a manter as máquinas na temperatura certa). Ele passeia pelo underground de Nova York para ver onde os cabos passam e como chegam aos prédios, atravessa o Atlântico até Portugal para ver um cabo chegando. E de quebra conta como a internet surgiu na California no fim dos anos 1960.

- Longbourn - Jo Baker. Fan fiction que usa os eventos de Orgulho e Preconceito para contar a história dos empregados da casa. Tem post book report.

- A Visit From The Goon Squad - Jennifer Egan. Em português o título é A Cruel Visita do Tempo, e achei justo. É um livro sobre o tempo, a passagem dele e como as pessoas mudam (ou não). Cada capítulo é sobre um personagem que está interligado de alguma forma com os outros. As vezes personagens secundários em um capítulo viram centrais em outro. E os capítulos vão e vem no tempo desde a década de 1970 até 2020. É tão bem escrito que em poucas palavras já conhecemos as pessoas.

- Chocolates for Breakfast - Pamela Moore. Claro que comprei esse livro pelo título. Depois descobri que é sobre sexo, alcool, drogas, depressão e ninguém come chocolate (se comessem talvez não seriam tão deprimidos). Courtney é uma garota de 15/16 anos, filha de uma atriz e um escritor, separados, que estuda numa escola interna. Ela fica deprimida e a mãe a leva para morar em Los Angeles. Lá ela começa a se relacionar com um ator gay, eles terminam, ela fica deprimida outra vez e se mudam para Nova York. Em NYC ela se reencontra com uma amiga que foi expulsa da escola interna, vive num ciclo de festinhas regadas a muito alcool com rapazes que abandonaram a faculdade, mas Courtney as vezes quer sair dessa. O mais impressionante desse livro é que ele foi escrito em 1956!! E....wait for it... a autora só tinha 18 anos! Mais incrível é que pouca coisa mudou de lá para cá (a não ser que hoje os jovens tem mais informação e os remedinhos para depressão são mais eficientes). Achei os diálogos um pouco afetados, mas vai ver as pessoas falavam assim mesmo na época.

- Se eu fechar os olhos agora - Edney Silvestre. Comprei num passeio na livraria sem saber do que se tratava. É sobre um crime que acontece numa cidade pequena no interior do Rio de Janeiro. Em 1961, dois garotos de 12 anos vão tomar banho num lago e descobrem o corpo de uma jovem que foi assassinada e mutilada. Os dois são interrogados na polícia, liberados e logo depois ficam sabendo que o marido (muito mais velho) confessou o crime. Os dois meninos não acreditam e começam suas investigações acompanhados de um senhor idoso que não tinha nada melhor para fazer no asilo. Tem algumas reviravoltas, jogo de poder, famílias desajustadas, mas é sobre a amizade dos meninos. Na verdade, se não fosse por algumas passagens mais pesadas, poderia ser um ótimo livro de mistério juvenil.

- Popismo: Os anos sessenta segundo Warhol - Andy Warhol e Pat Hackett. Ler esse livro é como ler o diário de uma tia fofoqueira que foi testemunha das mudanças dos anos 1960. É uma leitura muito boa, flui bem e cheia de detalhes do mundo artístico da época em Nova York. Somos levados a galerias de arte, festas glamourosas, filmagens, bares, restaurantes, danceterias e lugares onde muitas drogas eram consumidas. Mas o que o Andy gosta mesmo de contar é da vida das pessoas que frequentavam a Factory (espaço que ele usava como estúdio e reunia azamigues, ou como um amigo dele disse: lugar onde jovens novos e jovens velhos se reuniam sem nenhuma razão específica). Tem um pouco de tudo: bailarinos, poetas, músicos (O Velvet Underground praticamente surgiu na Factory), socialites, atores wannabes, alguns traficantes, drogados, etc. Andy conta tudo mais como um espectador (ele diz que a fofoca era uma obsessão sua). O livro é uma eterna citação de nomes, alguns muito conhecidos (Mick Jagger, Lou Reed, Jim Morrison, Jimmi Hendrix, Bob Dylan), outros nem tanto mas que na época causavam (como a Edie Sedgwick e Nico). Andy Warhol conta também as várias inspirações para seus quadros e filmes. É um livro muito bom para entender o que acontecia naquela época, como o Pop surgiu e trouxe o desejo pela fama (mesmo que efemera). No capitulo de 1967 ele faz uma obeservação interessante e pertinente aos dias de hoje: "os empresários espertos já haviam entendido que os jovens não estavam mais crescendo, que permaneciam parte do mercado juvenil. E grande parte dos que entenderam isso foram os próprios jovens - agora que permaneciam jovens mais tempo." Tem uma parte ótima que ele fala que as pessoas estavam fotografando e gravando tudo (em 1968-69), imagina se Andy Warhol tivesse vivido para ver os hipsters do Brooklyn.


Os outros Momentos TOC Livros: (1), (2), (3), (4), (5), e (6)

20.12.13

Analisando a música: Love Will Tear Us Apart (Joy Division)

Essa semana esbarrei numa lista dos 25 homens mais estilosos da literatura inglesa e claro que o Heathcliff está nessa lista (o Mr. Darcy e o Gatsby também, mas isso fica para outro dia). Então, sobre o Heathcliff tem a seguinte observação: "Se Heathcliff estivesse uns 150 anos, ou mais, a frente ele ostentaria um mac, teria um lado boêmio/festeiro hard core e escutaria Joy Division. Os pós-punks acham que inventaram a infelicidade e sofrimento, mas não foram eles. Bem-vindos ao mundo carregado de desgraça e sofrimento eterno do Heathcliff de Emily Brontë."

O Joy Division foi uma banda formada em 1976, em Manchester, por Ian Curtis, Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris. Tocavam nos clubes na Inglaterra, mas o primeiro album, Unknown Pleasures, foi só em 1979. O Joy Division é considerado punk rock, mas eu acho que eles tem mais do que um pé no pós-punk. As músicas são mais melódicas, menos cruas. O Ian Curtis era o vocalista e principal letrista da banda, a voz dele é grave e melancólica, assim como as letras. O Ian Curtis se matou um dia antes da banda sair para seu primeiro tour nos EUA. Um filme que conta a história da banda e do Ian Curtis é Control, de 2007. É um ótimo filme, mesmo que você nunca tenha escutado Joy Division. Outro filme muito bom sobre a época é A Festa Nunca Termina, de 2002.

Depois que o Ian Curtis morreu a banda se desfez e os três membros restantes formaram o New Order. Conheci o Joy Division depois de conhecer o New Order, quando lançaram, em 1987, um album (Substance) com as melhores músicas da banda.

Love Will Tear Us Apart é de 1979, mas só foi lançada como single um pouco antes da morte do Ian Curtis em 1980. Acho que é a música mais conhecida da banda. O Ian Curtis se casou cedo, com a fama da banda a esposa dele não se encaixava nessa outra vida, então ele escreveu essa música sobre um relacionamento que está acabando, que apesar de se amarem os caminhos estão divergindo.

O Heathcliff nunca ficou com a Cathy, ela escolheu casar com o Edgar pelo dinheiro e posição. A Cathy tinha medo do amor que sentia por ele, inclusive dizia "He is more myself than I am.", e escolheu uma vida confortável ao lado do Edgar depois que o Heathcliff foi embora. Acontece que o Heathcliff voltou para a vida dela com força total, mas ela não segurou o tranco, love teared them apart. O Heathcliff se arrastou numa fossa por 20 anos depois da morte dela. Nunca saberemos se teriam dado certo juntos, certamente teriam vivido os problemas de um relacionamento, chata do jeito que a Cathy era, seria uma DR por dia.

Tenho certeza que o Heathcliff teria essa música no repeat do iPod dele.


When routine bites hard
And ambitions are low
And resentment rides high
But emotions won't grow
And we're changing our ways
Taking different roads

O pessoal do forum diz que essa música foi escrita como uma resposta cínica a Love Will Keep Us Together do Capitain & Tenille, como um antídoto a alegria, o amor não resolve tudo. Acredito. Como eu disse, o Ian Curtis estava numa fase difícil do seu casamento e, além dos problemas de saúde que ele tinha (sofria de epilepsia), dizem que ele teve um caso com uma jornalista belga (mas ela diz que foi só platônico). O babado todo veio a tona quando a Deborah Curtis escreveu a biografia do marido, Touching From A Distance (não li, mas agora me deu vontade).
Essa música é tão pessoal que a esposa gravou o título na lápide do túmulo dele.
É uma música honesta sobre relacionamento, porque, como tantas outras músicas nos ensinaram, um dia acaba. Tem uma letra bem direta sobre a rotina, falta de expectativas, ressentimentos, e como com o tempo as pessoas mudam, querem coisas diferentes e, o sentimento existe, mas não acompanha, a relação babau.

Then love, love will tear us apart, again
Love, love will tear us apart, again

Então, apesar de se amarem, vão se separar. O amor nunca morre, mas de certa forma morre (filosofei?). Já não é suficiente, e por isso o próprio amor vai apartar os dois. Também pode ser que esse amor que os separa é o fato dele ter se apaixonado por outra.

Why is the bedroom so cold?
You've turn away on your side
Is my timing that flawed?
Our respect runs so dry
Yet there is still this appeal
That we've kept through our lives

Ele sente a frieza no ar, ela esta de costas para ele na cama (sexo, nem pensar). Ele acha que perdeu o timing, quer saber o que está errado, sabe que o respeito está acabando, mas ainda tem uma atração. É difícil terminar um relacionamento, tanto que nessas duas últimas frases tem um pouco de otimismo.

But love, love will tear us apart, again
Love, love will tear us apart, again

E apesar da atração, o amor vai separá-los, outra vez. É também sobre uma relação iô-iô.

You cry out in your sleep
All my failings exposed
And there's a taste in my mouth
As desperation takes hold
Just that something so good
Just can't function no more

Ele sabe que ela está infeliz e que seus defeitos estão expostos. Ele sente o gosto ruim da desesperança e não quer acreditar que uma coisa tão boa não tem mais propósito. Ele sabe que não vai conseguir acertar as pontas e fazer a relação funcionar.

But love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart, again

Mesmo com a constatação que a relação está chegando ao fim, essa música não deixa de ser uma declaração de amor.


Eu adoro o início dessa música, tem um riff bacana e já começa com uma batida boa. É uma das minhas música preferidas de corrida, mas, gente, que letra triste.






12.12.13

Corrida de Luzes

Esse ano fiz poucas corridas, a maioria de 5km e algumas de 10km. Chegou a época do ano que os atletas se confraternizam correndo (óbvio) para ver as luzes de natal da cidade. Foi ontem a noite e é uma festa.

muita gente
claro que o papai noel corredor
foi 

Como é uma corrida que não precisa fazer inscrição, é só aparecer e correr, esse ano foi muita gente. Acho que mais do que no ano passado. Também não é uma corrida forte, tem algumas paradas e até caminhadas, afinal estamos lá para ver as decorações. A bandinha estava lá, e teve até novidade no percurso.

correndo com amigos
a bandinha
a árvore da praça portugal
por dentro da árvore
parque das crianças super iluminado
praça do ferreira
catedral vermelha (muda de cor, mas acho que
vermelho faz mais efeito)
papai noel e suas renas na beira mar

Não completei os 12km da corrida desse ano porque no meio do caminho (e perto de casa) tem um bar, como sempre. Fiz 9,5km e parei para a cervejinha tradicional no fim dessa corrida.

cervejinha merecida

Essa não foi a última corrida do ano, domingo faço outra de 5km.

9.12.13

San Martin de los Andes, Villa la Angostura e Bariloche

De Puerto Varas atravessamos a fronteira mais uma vez para o lado argentino da Patagônia. A paisagem muda quase que instantaneamente depois que passamos pelo lado chileno da fronteira. Os resquícios da erupção do Vulcão Puyehue, em 2011, ainda estão lá: arvores queimadas e muitas cinzas no chão e nas montanhas (trágico, mas bonito). O vulcão é no Chile, mas o estrago foi na Argentina. De novo o sol apareceu e ficou mais quentinho. A Patagônia Argentina tem mais charme.


Nós íamos direto para San Martin de Los Andes, mas, mais uma vez tivemos que ir atras de combustível. De Puerto Varas até Vila La Angostura só tinha um posto e esse estava sem luz, então as bombas não estavam funcionando.


Tanque cheio e guloseimas compradas no supermercado, seguimos numa estrada belíssima (metade de asfalto e metade de ripio) até San Martin De Los Andes.

san martin, entre o lago e a montanha

(Em Boston dividi o quarto com duas argentinas que me disseram que eu precisava conhecer San Martin, então fui né?)

centrinho de san martin
beira lago de san martin
barcos em san martin

San Martin é um vilarejo que fica na beira do Lago Lácar e na rota dos sete lagos. A cidadezinha tem todo aquele clima de vila de esqui com muitas lojas, restaurantes e pousadas. Nós ficamos numa pousada ótima e o dono, o simpático Fernando, nos deu a dica de ir por uma outra estrada até Bariloche.

rio na estrada alternativa

Bariloche é grande. E é decadente. Em algum ponto deve ter sido uma vila fofa como San Martin, mas cresceu sem muita direção. Talvez no inverno, coberta de neve, seja mais interessante. Almoçamos lá, comemos chocolate (óbvio!) e fomos fazer o circuito chico, um passeio fora da cidade que dá uma volta pelo lado menor do lago.

praça em bariloche
fazendo o circuito chico
muito vento no lago nahuel huapi

De Bariloche fomos para Vila La Angostura, dessa vez para ficar uma noite. A rua principal da vila é também a estrada e única rua asfaltada. Ainda assim é bonitinha com lojas e restaurantes. O centrinho da vila não fica perto do Lago Nahuel Huapi, mas todas as atividades oferecidas (fora da época de esqui) se resumem ao lago.

essas flores amarelas só tem do lado
argentino
downtown vila la angostura


Na volta para o Chile pegamos a greve dos funcionários da imigração chilena e ficamos parados na fronteira por 2 horas. Tinha uma fila enorme de carros, onibus e caminhões. Fiquei impressionada com a rapidez com que passamos depois que abriram, não passamos nem meia hora para carimbar passaportes e olharem o carro.

E aqui termina essa ótima viagem. Next!

7.12.13

Puerto Varas e Frutillar

Ainda com o Perito Moreno na cabeça, atravessamos a fronteira de volta para Punta Arenas e pegamos um avião para Puerto Montt (que fica na parte norte da Patagônia).

Sobre Puerto Montt não tem nada que vale a pena mencionar, por isso fomos direto para Puerto Varas, que fica a 20km do aeroporto.

puerto varas

Puerto Varas é uma cidade na beira do Lago Llanquihue com vista para os vulcões Osorno e Calbuco. É uma cidade com clara influência germânica. Faz frio, mas os locais não se importam muito e usam bastante o lago para esportes náuticos.


Na beira lago tem um museu de quinquilharias que estava fechado quando fomos, mas a fachada é interessante.


Em Puerto Varas se pratica o volcano watching, o Osorno é lindo.

vulcão 
vulcão tímido
vulcão e o cavalo
vulcão no por do sol

Frutillar é uma cidade menor que Puerto Varas e também fica na beira do Lago Llanquihue. Frutillar é dividida em alta e baixa. Na parte alta fica a maioria das casas dos locais e comércio. A parte baixa fica na beira do lago e é onde tem o centro cultural alemão, o teatro novo quase dentro do lago, alguns hotéis e muitas casas de doce que vendem kuchen (uma torta deliciosa).

teatro novo
kuchen

O pier é bonitinho e as meninas locais estavam se deliciando nas águas transparentes, e frias, do lago.