30.10.12

Skyfall

Mr. Bond is back!

50 anos de filmes e ainda tem novidade.

Quando você acha que já viu tudo em matéria de perseguição no cinema, vem James Bond e faz a dança do ventre nas nossas caras com uma sequência incrível na Turquia. Quem já esteve no Grand Bazaar sabe do que estou falando.

E isso foi só para começar.

Além da Turquia, passeamos por uma Xangai iluminada, Macau, a querida Londres e as highlands escocesas.

Eu gosto muito desse James Bond do Daniel Craig. Ele se machuca, tem cicatrizes, bebe para esquecer, toma mais pílulas do que o Dr. House e ainda assim mantém a pose e sabe fazer uma entrada sexy no chuveiro. E como esse homem corre! Macho-que-é-macho. Aliás, queria agradecer o diretor Sam Mendes por todos os shirtless do Mr. Bond. E, gente, como ele se veste bem! Até no modo caçando patos na Escócia. Suei.

Javier Bardem faz um dos vilões mais perigosos da franquia. Como a M diz, não existem mais aqueles que querem dominar (ou destruir) o mundo, a coisa agora é no one on one. Interesses pessoais. É para ter muito medo do Sr. Silva. Sem contar que ele também sabe fazer uma entrada e usa transporte público.

As bondgirls estão no filme, a belíssima Severine e a divertida agente do MI6. Temos um novo Q e o Ralph Fiennes não está lá só para figuração de luxo.

A abertura com a música da Adele ficou ótima! E o filme tem muitas homenagens aos outros filmes do 007.

Corram Bond-style para o cinema.

A Tia Helo diria 357 "Ai, Jesus!" com seu martini shaken and stirred na mão.

28.10.12

Séries: início de temporada

Mais uma fall season começou, séries voltaram e outras estrearam. Vou começar por algumas novas.

Nashville - é um novelão sobre duas cantoras country: uma experiente e uma nova. As duas disputam o guitarrista/compositor bonitão, sendo que a mais experiente é casada com um mané que quer ser prefeito. É boa? Não muito, mas, como sou orfã da Carminha, qualquer novela que seja um pouco decente e não seja cafona como Salve Jorge está valendo, mesmo com música country.

Arrow- quando estava em Los Angeles o que mais tinha pela cidade era poster dessa série e o ator que faz o Oliver Queen (o Arqueiro Verde) é LINDO, então resolvi ver um episódio. Bom, é sobre um herói da segunda divisão, mas Oliver é tão bonitão, e o nível de shirtless é alto, que decidi ver mais alguns episódios. É cheia de furos mas é o Oliver é eye candy de primeira. Candidata a melhor série pipoca da temporada.

Last Resort - é sobre um submarino poderoso que o capitão recebe ordens de mandar um torpedo para atacar o Paquistão, mas decide ignorar a ordem o que faz com que o submarino seja atacado. Eles se refugiam numa ilha paradisíaca e ficam negociando com o governo dos EUA. É boa para matar as saudades das locações de Lost. Os primeiros episódios foram bons, mas cansei um pouco do patriotismo exagerado e militarismo (e olha que aqui em casa tenho fama de maria batalhão).

Chicago Fire- um novelão sobre bombeiros bonitões. Tô dentro.

E duas comédias: The New Normal sobre um casal gay e uma mulher e sua filha. O casal contrata a mulher para ser barriga de aluguel e rende umas piadas ótimas. Don't Trust the B__ in Apt. 23 é muito engraçada, ainda mais com o James Van Der Beek (o Dawson) fazendo piada de si mesmo.

Dei uma chance para Elementary. Claro que não é genial como a Sherlock inglesa mas é melhor que que eu esperava. De vez em quando vou dar uma olhada.

E as que voltaram:

Homeland - continua excelente! Recomendo. O segundo episódio foi mais tenso que muitos de 24hr, e antes da metade da temporada já temos algumas surpresas.

Dexter - estou gostando da dinâmica entre o Dexter e a irmã dele. (e gostei mesmo foi do vilão ucraniano da vez: bonito, chique e mau, muito mau.)

Sons of Anarchy - não deixam a peteca cair nessa série, e nem perdoam a gente por assitir. Quando eu acho que Jax vai conseguir respirar alguma coisa acontece.

Fringe - é a última temporada e quero ver como o mundo nas mãos dos carecas vai acabar.

Hawaii Five-O - continua a melhor série pipoca no ar, e agora temos a mãe espiã do McGarrett.

The Good Wife é outra que me surpreende. Agora a Alicia está de bem com o marido candidato a governador. Let's see. Downton Abbey - só digo uma coisa: mais cenas de Maggie Smith com Shirley Mclaine, please! E Parenthood veio com um drama de primeira.

Revenge - A Nina pode ter perdoado a Carminha e até ficarem inimigas íntimas, mas a Emily/Amanda ainda não engoliu as safadezas da Victoria. Novelão dos bons.

Guilty pleasures: The Vampire Diaries, nunca pensei que fosse ver essa série por mais de uma temporada, mas continuo achando divertido e agora tem um mega caça vampiros perigoso na área. A fofa Heart of Dixie ainda está na lista.

30 Rock está genial e é a última temporada. Parks & Recreation me diverte. Modern Family ainda tem gás. Once Upon a Time mantém minha curiosidade e agora tem o Capitão Gancho.

Criminal Minds continua arranjando uns serial killers bizarros.

Falando em bizarro, American Horror Story voltou dentro de um asilo com um serial killer. Medo.


Desisti de Grey's Anatomy. Aguardo Community voltar e estou com saudades de Mad Men.

24.10.12

Analisando a música: Roll Away Your Stone (Mumford & Sons)

Nessa última viagem aos EUA, a banda que mais tocava na rádio era a inglesa com nome-de-loja-de-móveis Mumford & Sons, que estavam lançando um album novo. Confesso que não conheço muitas músicas deles, mas a minha amiga Alessandra gosta e sempre aumentava o volume quando estavamos no carro. Ela me pediu para analisar a letra da música "Roll Away You Stone" que é do primeiro album da banda o Sigh No More, de 2009, (que também tem Little Lion Man, um dos grandes sucessos do Mumford & Sons).

Mumford & Sons é uma banda nova, indie, formada em 2007. Esses ingleses fazem um som folk com poesia e muita influência literária. É uma música que tem um mix de moderno com antigo, sofisticado com caipira.

Eles tem uma música chamada "Timshel" que provavelmente é uma referência a East of Eden do John Steinbeck, mas os rapazes do Mumford & Sons gostam mesmo é do Shakespeare. A primeira frase da música Sigh No More vem direto de "Much Ado About Nothing" e a Roll Away Your Stone tem uma frase daquela peça-que-não-deve-ser-mencionada-nos-teatros. Como eu não me importo com o teatro vou dizer: Macbeth. E eles assumem o copy/paste do bardo: "You can rip off Shakespeare all you like; no lawyer's going to call you up on that one.".

Não sei exatamente qual é a da superstição que não se deve falar Macbeth no teatro, mas rola uma lenda que o Shakespeare colocou feitiços reais de bruxas verdadeiras no texto. As bruxas não gostaram nada disso e amaldiçoaram a peça. (ME-DO)

Anyway, Macbeth é uma das peças mais pesadas e trágicas do Shakespeare. É sobre um escocês, o Lord Macbeth, que abraça (com empurrãozinho de sua eposa Lady Macbeth) o lado negro da força na sua ambição para obter poder e as consequências políticas e psicológicas dos atos dele.

O Lord Macbeth com o poder conquistado de forma ilícita fica paranóico, sem amigos, tendo alucinações e tenta resolver os problemas visitando as bruxas que por sua vez falam mas não dizem nada; tipo o Mestre dos Magos. No fim, a única redenção que Macbeth tem é pela morte.

Ok, mas o que essa música tem a ver com tudo isso? Vamos analisar.

Acho que essa música é um exame de consciência, o anjo e o diabo na cabeça de todos nós (como o header desse blog) numa conversa sincera. É sobre as escolhas que cada um faz, as consequências e um recomeço se for preciso.

Pode ser uma conversa com o analista, mas vou com o anjinho e diabinho porque é mais introspectivo e acho mais divertido.

Roll away your stone, I'll roll away mine
Together we can see what we will find
Don't leave me alone at this time
For I'm afraid of what I will discover inside

A voz dominante deve ser a do anjinho que quer fazer uma avaliação da consciência, uma disputa interna, mas precisa de ajuda. Por isso ele diz: "cada um no seu quadrado, fazendo sua parte (rolando sua pedra) que juntos vamos descobrir.". Acontece que ainda estamos em uma área cinza onde os dois podem ter razão, e ele não quer fazer isso só porque nunca se sabe o que vai encontrar do lado do diabinho. Vamos combinar que é um medo coerente, existem coisas que estão enterradas no subconsciente.

Cause you told me that I would find a hole,
Within the fragile substance of my soul
And I have filled this void with things unreal
And all the while my character it steals

Ele sabe que vai encontrar um buraco, que a alma é frágil, as tentações são muitas e ao preencher o vazio com coisas irreais (uma forma poética de dizer que não adianta tapar o sol com a peneira), o caráter some.

Darkness is a harsh term don't you think?
And yet it dominates the things I see

Escuridão (trevas?) é pesado né? Mas domina tudo que ele vê, ainda não está preparado para se livrar do lado negro da força. Diabinho ganhando nesse momento.

It seems that all my bridges have been burned
But you say that's exactly how this grace thing works
It's not the long walk home that will change this heart
But the welcome I receive with the restart

As pontes foram queimadas, e o outro diz para ele que a volta tem que ser maior para que a dignidade seja recuperada. Mas o anjinho sabe das coisas e diz que não vai ser o longo caminho que vai mudar o coração, as escolhas já foram feitas, o que importa é como ele será recebido no retorno/recomeço. Acho que esse recomeço é onde ele se perdoa, ou assume e se conforma com os erros.

Darkness is a harsh term don't you think?
And yet it dominates the things I see

Mas o diabinho ainda insiste na escuridão, e mantém o seu ponto.

Stars hide your fires,
These here are my desires
And I won't give them up to you this time around
And so, I'll be found with my stake stuck in this ground
Marking the territory of this newly impassioned soul

Mas aí o anjinho vem triunfante nessa estrofe e usa as palavras de Shakespeare: estrelas escondam suas luzes porque esses são os meus desejos e não vou rendê-los. Coloco minha estaca marcando território nessa alma comovida e apaixonada. É minhaaaaa! Anjinho garantindo seu espaço.

(Na peça o Macbeth diz "Stars hide your fires, so no one can see the terrible desires within me", na verdade Lord Macbeth queria apagar a luz das estrelas para esconder suas ambições. Shakespeare: gênio.)

But you, you've gone too far this time
You have neither reason or rhyme
With which to take this soul that is so rightfully mine

Conclusão: o diabinho foi longe de mais, perdeu a razão e o compasso, e o anjinho venceu a guerra depois de uma longa batalha. Consciência limpa. Liberado, pronto para outra.


Vamos pegar o banjo, contra-baixo, bater os pés e fazer uma autoanálise com os rapazes do Mumford & Sons.

21.10.12

Zion Canyon



O Zion Canyon foi o último a ser visitado e uma agradável surpresa. Já tinha visto o grandioso, o pequeno com curvas fantásticas, e o com pirulitos coloridos, o que faltava? Um cânion com uma estrada no meio, que ao invés de ver de cima, passamos por dentro.

pedra xadrez

O Zion Canyon é muito bonito!



Começamos pela entrada leste e saímos pela entrada sul. No meio do caminho passamos por um túnel longo (quase 2km), estreito e escuro, mas tinha uns janelões cavados que dava para ver a vista maravilhosa.

janelão


Achei curioso que tingem o asfalto com uma cor vermelha para não destoar da paleta de cores do cânion.



O Zion é o parque nacional mais antigo do Utah, foi declarado como tal em 1919 (mesmo ano do Grand Canyon). Como os outros parques, o Zion National Park é organizado, tem trilhas, museu, um lodge, etc. Me pareceu um ótimo lugar para caminhadas e escaladas.

fino arco de pedra


A cidadezinha do lado de fora da entrada sul, Springdale, foi a mais bacana de todas, ótima para ficar e explorar mais o parque.

O tour foi ótimo, mas foi tudo rápido. Gostaria de ter ficado mais tempo em cada cânion, explorado mais. Agora que conheço, da próxima vez já posso planejar melhor e aproveitar mais.

a van no zion canyon

Os parques nacionais americanos são organizados, protegidos, muito visitados e bem aproveitados pelos americanos que amam seus tesouros nacionais. A vontade que fica é de querer conhecer todos.

Mais fotos dos Canyons no Flickr.

20.10.12

Bryce Canyon



Depois do passeio pelo Antelope Canyon continuamos na estrada e passamos do Arizona para Utah.


Utah é conhecido como o estado dos mormons, afinal eles foram pioneiros nessa região se estabeleceram lá há muitos anos. O estado é muito rico em canions e a natureza ali foi generosa. Esses mormons não são bobos, sabem que tudo na vida é location, location, location.

on the road


O Robert Redford também gosta de Utah. Depois que filmou Butch Cassidy and The Sundance Kid na área, ele comprou um terreno lá fundou um instituto e hoje existe o Festival de Cinema de Sundance.

primeiros hoodoos fora do parque

O Bryce Canyon não é um cânion grande. É maior que o Antelope e, obviamente, menor que o Grand Canyon (vamos estabelecer que nenhum cânion é maior do que o Grand Canyon, ok?). Bryce Canyon é parque nacional desde 1928, e o nome foi dado em homenagem ao pioneiro mormon Ebenezer Bryce que tinha o cânion como quintal de casa.



Depois da entrada do parque tem vários view points, e no Bryce Canyon as formações estão mais perto. Existem trilhas no meio dos hoodoos (os pirulitos) e é possível ver tudo de bem perto. É lindo!



O parque é muito organizado, trilhas demarcadas, tem rangers que fazem tour guiados e dão detalhes sobre a geologia do lugar, área de camping, um hotel dentro, banheiros em todos os view points, etc.


outono acontecendo

O guia disse que até pouco tempo o Bryce Canyon não era muito visitado porque fica um pouco fora da estrada principal, mas isso já mudou. No dia que fomos estava muito cheio, tinha até fila para estacionar em alguns view points. Vai por mim, o desvio da estrada principal vale a pena.



O Bryce fica numa altitude maior, então é mais frio e a neve cai cedo (segundo o guia no fim de outubro já fica tudo branquinho)

Do lado de fora do parque tem uma vila com outros hotéis, lojinhas e até uma rua tipo western.

as marmotas

Gostaria de ter ficado mais tempo no Bryce Canyon para explorar melhor o parque. #ficadica

19.10.12

Antelope Canyon



Page é uma cidade pequena na beira do Lake Powell, foi onde passei a noite depois do Grand Canyon e antes de seguir para os próximos canions. A cidade começou como base para a construção da represa do Glen Canyon (GLEN não Grand hein) e depois que o Lago Powell se formou a cidade cresceu, mas não muito. Page tem muitos hotéis, um aeroporto e é uma cidade base para quem quer ver os cânions da região.

vista da varanda do hotel

pedacinho do lake powell

A única coisa curiosa de Page foi que não me lembro de ter visto tantas igrejas juntas numa cidade tão pequena, nem no interior de Minas. Não são igrejas da mesma fé, cada uma no seu quadrado e quase todas na mesma rua. O guia disse que tem 12 igrejas só na Lake Powell Blvd que é conhecida como church row. Weird. #prontofalei

O Upper Antelope Canyon fica dentro de uma reserva indígena Navajo e só pode ser visitado com um guia. Os grupos saem do centrinho de Page em caminhonetes que parecem carros de safari. São uns 5 minutos na estrada mais 10 sacolejando pela areia até chegar na entrada do cânion. A palavra "canion" já faz você pensar numa coisa grandiosa como o mais famoso de todos, o Antelope Canyon não é grande, mas é lindo demais.

a caminho do antelope canyon


O Antelope Canyon tem duas partes, a alta (upper) e a baixa (lower), nós fomos na alta. O canion é formado pela ação da água e do vento, mais especificamente pelas flash floods (enchentes relâmpago?) que acontecem na primavera. A força da água é tanta que forma redemoinhos que vão cavando o interior do cânion.

formou um coração. fofo.

As paredes são lisinhas e arenosas. A altura varia de acordo com a movimentação da areia do solo dependendo de como foi a última enchente.



a madeira ficou ali e indica a altura
do piso. o guia disse que as vezes
o piso baixa tanto que ela fica
no alto

A melhor hora para visitar o Antelope Canyon é entre 10 da manhã e 2 da tarde quando a luz do sol entra e dá para ver as cores e formações. A caminhada dentro do cânion é de uns 600m ida e volta. O meu grupo foi o primeiro a entrar, as 7:30 da manhã, nem o guardinha da entrada tinha chegado. A desvantagem era que ainda estava um pouco escuro dentro, mas deu para ver bem. A vantagem foi que o nosso era o único grupo lá dentro e logo que saímos chegaram 5 caminhonetes com 12 pessoas. O cânion cheio pode ser um pouco claustrofóbico.



O nosso guia era nativo americano, mas não era Navajo, era de uma outra tribo que segundo ele "muito diferente dos Navajos" (rivalidade detected). Ele era a cara e tinha a voz do Danny Tejo, um ator que só faz mafiosos mexicanos, e toda vez que ele me dizia para deixar de ser preguiçosa e segurar a máquina com as duas mãos eu tinha medo de não sair viva daquele cânion.

não me atrevi a tirar uma foto
do guia mais de perto
Mas ele foi bacana e até tirou uma foto minha na saída do cânion.